No local onde geralmente sou obrigado a passar 8 horas por dia, mais qualquer coisa para cobrir esse conceito abstracto e sem definição axiomática que é “ fazer a extra mile”, tenho por hábito ir ao cubículo dos deficientes existente na casa de banho.
Se há coisa que me irrita, entre muitas outras, é estar em espaços acanhados. Essa irritação sobe de escalão quando me encontro desprotegido e vulnerável a “largar uma reguada”. Assim, ao ir à casa de banho dos deficientes, não só tenho espaço suficiente para esticar os braços acumulando, quando necessário, energias cósmicas para fazer força, como também posso repousar os cotovelos nuns agradáveis e bem pensados apoios laterais para braços. Toda a casa de banho devia ter uma maravilha do design de interiores de casa de banho como esta. Deve ter sido desenhado em Itália que eles costumam ter boas ideias aliadas ao requinte do bom gosto.
Há tempos, com os gritos de desespero de alguém no exterior deste cubículo a pedir sofregamente para eu sair que não conseguia usar as outras sanitas como música de fundo, inspirou-me a seguinte preocupação:
- Poderá este meu conforto num momento tão delicado, fazer de mim um monstro?
Concluí que eu é que estou bem e que nada é culpa minha. Quem está mal é o outro que joga à confiança com o facto de ser o único gajo sem pernas no piso inteiro. Só pensa nele e é egoísta. Nem o “ai que me borro todo!” tantas vezes repetido, me demove deste pensamento.
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