Um
pesadelo assombra a Papua-Nova Guiné e seus habitantes. Uma opressão de angústia que os sufoca dia e noite, impede-os de avançar com as
suas vidas, estrangula as suas liberdades. Falo portanto da praga de
bruxos que devassa a Papua-Nova Guiné. Uma praga que não é recente mas que, a ter em conta as mais notícias que nos chegam além mares, tem vindo a aumentar.
Mas
nesta ilha tropical, onde os habitantes vivem em cabanas, existem
vigilantes que perseguem bruxos com catanas e machetes. Têm uma moléstia e fazem qualquer
coisa para a desfechar. Isto sim é o verdadeiro empreendedorismo. Não é vender no Bairro
Alto, camisolas fabricadas na Ásia com uma estampagem qualquer
ordinária ou tocar djambé nas ruas da Baixa.
Na
generalidade dos casos, quando os apanham, embrulham-nos em folhas de
palmeira e metem-nos a assar em fogueiras. Quase sempre comem-nos depois
de assados porque a tortura em si, é sempre pouco. O que expõe o principal
problema desta solução rudimentar. Não só a carne de bruxo prende os
intistinos como, para fazerem face a tantos bruxos, tinham que atear
fogo quase a meia Papua. Isto é um problema do sub-desenvolvimento e é nestas coisas que a ONU devia ajudar, a construir cimenteiras para
co-incinerar bruxos.
Vigilantes papuásios preparados para mais uma caçada ao bruxo. |
Os bruxos são um problema na Papua mas não são um problema exclusivo da Papua. Todos sabem que os bruxos da Papua assumem variadas formas e feitos,
transformam-se desde animais até fazendo-se passar por outras pessoas, é conhecimento do
domínio público. O que não sabem é que há bruxos em todos os estados evolutivos de uma sociedade.
E o que é um bruxo, senão mais um aldrabão que quer viver sem trabalhar?
O
Governo da Papua tenta revogar estas acções do povo com leis, deixando
impunes os verdadeiros criminosos. Não há dúvidas, há uma crença
realmente genuína que motiva as pessoas: a crença de que, se os bruxos
não forem parados, vão continuar a trazer a morte, a infelicidade, a
doença e a pobreza à comunidade.
Afirma-se erradamente que esta escalada de violência não se deve a
crenças em magia negra mas sim à inveja económica, nascida de um boom de
exploração mineira que ampliou a divisão económica do país e colocou os
ricos mais distantes dos pobres. Uma inveja por quem está bem na vida.
Muitos dos que são acusados de bruxos na Papua, acumulam cargos nos
governos locais com a exploração mineira e têm um elevado estatuto
social. Ora alcançaram cargos de poder através do provento da exploração mineira, ora, por terem cargos de poder, chegaram aos lucros da exploração mineira.
Os nossos bruxos, usam símbolos como compassos, aventais e pirâmides com
olhos. São, entre outros, Directores Executivos (CEO), Directores Financeiros (CFO) e saltam magicamente entre Conselhos de administração de
empresas e altas posições no Estado com uma escandalosa volatilidade e leviandade. Ao menos na Papua alguém tenta
fazer alguma coisa com este bruxedo.
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