segunda-feira, janeiro 24, 2005

Svpremvs Ravalhavm

Estou numa das mais perturbadoras épocas do ano e todo o meu tempo, paciência e força criativa são sorvados de forma fraudulenta a níveis exaustivos. No caso da última (a força criativa, para quem tem memória de pardal), gasta-se sem sequer ser utilizada. Estar a postar numa altura destas é como pisar uma mina anti-pessoal e esperar que nada aconteça. Também é nestas alturas que o nosso inconsciente impele o nosso consciente a estar mais predisposto a reflexões sobre o sentido da Vida e qual o significado da existência do Universo. Somos facilmente aliciados com o sonho de ganhar o Euromilhões e de, consequentemente, receber um generoso empurrão na vida. Sonhar é fácil... difícil é acordar para a realidade.


Infeliz coincidência que me deixou com uns certos remorsos. Desta vez, não era preciso levarem-me a sério, disse o que disse sobre o terramoto, mas nunca duvidei das capacidades do Criador. Eu a falar de um terramoto de proporções horrendas (para não repetir "dantestas") como significado para "terramoto", e ele a acontecer uma semana depois com quase todas as minhas descrições a serem usadas pelos media (tal como confirmado), vítimizando 280000 pessoas (28 navios com 100 contentores, cada um contendo 100 seres humanos dizimados violentamente, para terem uma melhor noção). Só mostra o quanto somos frágeis e minúsculos perante as forças da Natureza.

Como não tenho mais assunto dou por terminado o post.


Ah! Ia-me esquecendo... vou só escrever umas linhas sobre a passagem de ano.

Para ser sincero podia ter sido melhor. Só de pensar nos afortunados que puderam ficar trancados em casa para terem que ver a grande final daquela coisa que passa na TVIgreja (como foi apelida de início) fico com insônias: como é possível alguém divertir-se tanto?
Passar 8 horas em frente ao "tuvisor" a "gramar" algo que tem tanta cultura como um contentor de lixo orgânico em avançado estado de decomposição, será um nova forma de arte moderna, por mim incompreendida? Bom, não exageremos, tanta cultura também não, sempre se pode fazer um estudo químico ou biológico às várias reacções que se dão no contentor, tem algum interesse cientifico. O contentor, ao menos, ainda tem uma infíma utilidade, nem que seja para fazer apostas entre amigos, ver quem resiste durante mais tempo às já vencedoras náuseas.
Pronto, não me ocorre nenhuma justificação para se assistir àquilo.

Eu, ao menos, estive entretido na companhia de amigos (como a época era de festa, o Zé Cabrito também será apelidado de amigo. Estou a brincar... no entanto deixo no ar com o quê estarei a brincar: será que o considero sempre amigo ou nem na época em questão isso acontece?), para além de frio, passei um bom bocado ao ver as suas vidas a desmoronarem-se enquanto eu ganhava fortunas, isto no Monopoly, claro.

O mais engraçado no Monopoly não foi bem ter ganho, a piada foi ter feito todos perderem por minha causa. Até gostei de jogar, senti-me poderoso, foi saboroso sentir que tinha tudo acabado a jogar contra mim e mesmo assim dominei o jogo. Uns dizem que foi muita sorte de início, o Tiago prefere dizer que foi apenas uma grande visão sobre o futuro, análise global do tabuleiro de jogo aliada à enorme idoneidade de gestão de imóveis e de uma enorme capacidade de relacionamento empresarial. E ainda consegui provar a minha teoria: dinheiro gera dinheiro. Foi pena dois terem preferido falir a darem-me o pouco que ainda tinham... gente sem coração nem sentimentos.

Para além deste peculiar episódio, tive que me "contentar" em fazer uma tumultuosa algazarra, com os meus amigos, no centro do Cartaxo (um (que acorda com os boxers diferentes daqueles com que se deita e que se perfuma antes de ir dormir sozinho) no entanto era arrastado, pelo meio da relva, por uma cadela assustada com o rebentar dos foguetes, justificou porque era dominado com um simples "era para não a magoar, deixei-a ir para onde queria").

Contámos as 12 badaladas num cenário provinciano e com a simplicidade da década de 60-70. Junto à Camara Municipal do Cartaxo, uma Peugeot 505 GRD (SA) com as portas abertas, "tufonia" sintonizando um posto regional que transmitia música popular (aka "pimba"), com locução em directo da nossa grande Tonixa, que nos fez dançar de forma espontânea e natural. Pronto, confesso... estava mesmo muito frio (a ponto de se acordar a meio da noite por se ter as orelhas e o nariz gelados). Houve ainda o vinho espumante ("champagne") do mais barato e ordinário mas, mesmo com estes atributos, era digno de uma rolha de cortiça sintética ao invés da de plástico. Foi comprado num supermercado de produto barato e bebido em copos descartáveis mais ruins que os incluídos no almoço da cantina.
Sem esquecer um saco com 500 gramas de passas (para os naturais desta região, uva que não vai para vinho (ainda que carrasqueiro), é uva perdida, é um sacrilégio que se comete. Estávamos habilitados a uma pena que podia ir das 25 chicotadas à morte na fogueira em plena praça de touros), que mais tarde foram encontradas espalhadas pelo chão da SA, passas essas que também serviram para dar as boas vindas ao novo ano.


Depois da dita "passagem de ano", e como somos gente pobre e agarrada ao dinheiro (eu pobre não sou, sou dono de uma série de ruas todas com hotéis como já o tinha referenciado. Apenas me chateou a mesquinhez de alguns em teimarem que tudo não tinha passado de um jogo, tretas... está tudo legal, tenho os cartões todos em ordem, para provar o que é meu e não devo nada a ninguém), "tivemos" que nos colar a uma festa da comunidade religiosa (?) "Taí,Zé" ou "Tai-o-Zé" e comer o que havia, ainda que contrariados. Como o estômago é pequeno, tivemos que levar dois pratos com bolo de chocolate para o carro, a SA, visto que em cima da mesa poderiam azedar e fazer mal alguém. Com tanta gente não pudemos arriscar com este atentado à saúde pública.
Enquanto estávamos nos "treinos" (leia-se "de volta de uma tarte gelada") não pudemos deixar de reparar numa massiva orgia "bate couro", capaz de deixar Nero envergonhado, tal era o festim selvagem.

Confesso que já vi filmes de "karaté alentejano" (nome técnico) com um guião bastante mais suave e, em comparação com o que assisti, bastante mais provável (apesar de um não passar de ficção).
Como é possível, gente da igreja, que dorme e come em casa de amáveis crentes, gente que se faz passar por mensageira da palavra e do bom nome de Deus fazer uma coisa destas?

Vimo-nos obrigados a abandonar o recinto quando começaram a querer formar grupos por nacionalidades, com fim a organizar a partida, lá para a terra deles, no dia seguinte. Foi agradável, apesar de termos sido uns chupistas, passámos um bom bocado no meio de tanto jovem um tanto ou quanto afectado por uma concentração hormonal algo excessiva.

Já agora e só para deixar clara a questão do Trivial: ora acontece que não perdi... apenas não me apeteceu ganhar. É do senso comum saber quem é que arbitou a final da taça em 1957, ou que raio é um "bufometro" e por quem foi inventado, já para não falar no nome do primeiro navegador croata a chegar à Polinésia numa embarcação de 2 mastros. A realidade é que estava a ficar com as mãos frias a ponto de ter as unhas roxas e os dedos pálidos. Pensei: só me safo desta se conseguir chegar a esse oasis que é lavar a loica. E assim o fiz, enquanto uns sofriam por estarem quietos sem nada para fazer ou por estarem a implicar uns com os outros, eu lá estava entretido a lavar a loiça alegremente e de livre vontade, fazendo inveja a muita gente, enquanto recitava, em jeito de cantarolar, uns versos de António Variações.

Por último, descobri um método, ainda em estudo e com uso exclusivo a homens, para utilizar a régua como termómetro. Os passos, em linhas gerais, são as seguintes: encostar uma régua à base do tronco fálico e, aplicando a fórmula (ainda em aperfeiçoamento):

T = L0 + 4 ln (x/20)

T = temperatura em [ºC]
L0 = medida em [cm] do membro a 20ºC e a 1 atm
x = resultado da medida ao membro em [cm]

será possível descobrir a temperatura do meio com grande precisão. Em confronto com alguns resultados obtidos em cobaias, denotou-se que certas temperaturas podem ter uma acção castradora para a masculinidade.


Dou assim por terminado o primeiro post do ano (que coincide com outra data qualquer sem importância de maior), após ter sido editado para metade do tamanho. Apesar de ninguém mandar em mim (nem eu próprio mando, quanto mais os outros), achei por bem reduzir o tamanho para que pudesse ser lido de uma só vez.