sábado, outubro 21, 2006

Baccalaureu Monarcha

No Domingo passado almocei bacalhau cozido com grão.
Se na Terça-Feira não tivesse jantado favas com entrecosto, certamente que hoje já estaria na fase terminal de uma recuperação, cuja terapia, tem na comida da cantina os seus alicerces mestres.

Como almocei e não apenas comi, implica que no prato, juntamente com uma generosa posta de bacalhau (esse espantoso mamífero que habita as vastas planícies tropicais da Noruega), acompanhada de um frasco de grão, estaria uma bela malga de cebola, alho e coentros. Implica igualmente que todo o processo de vitaminação não poderia demorar menos de uma hora. Como estava com alguma pressa, os outros presentes só comeram e não almoçaram (passando em claro o saborear da dádiva dos deuses), almocei em apenas uma hora e dezassete minutos. Imperdoável. Podia dar-me alguma congestão por almoçar tão depressa, e ter que comer macrobiotica para o resto da vida. Irra... antes ter amigos pretos (tenho a absoluta certeza que, apesar de estar a dizer explicitamente que gostava de ter amigos de origem e cultura africana, virá, algures das profundezas infernais mais refundidas, alguma alminha só para me dizer que foi um comentário racista, vai-se lá conseguir compreender gente tão mesquinha).


Mal dei a última garfada, fui invadido por uma soneira daquelas que só me dão em aulas notavelmente massadoras (cheguei à conclusão, até ilações contrárias, que se trata de um novo tipo de jetlag, em que tudo ocorre por ordem inversa. Primeiro fico com o sono trocado e só depois sinto que estou noutro local com um fuso horário diferente daquele a que o meu relógio interno se havia habituado, acordo, abrindo os olhos des-sincronizadamente tentando convencer-me que nem sequer cheguei a adormecer, sem saber bem aonde e quando estou a fazer o quê, processo acompanhado por baba até aos queixos).


Derreado por uma refeição demasiado copiosa, abandonei-me às delícias duma sesta tão reparadora como imprudente... acordei com aquilo a que se chama de mau feitio (estrondosos choques atmosféricos provocados por diferenças de pressão normalizadas abruptamente).

Para aperfeiçoar a situação, que por si só já tinha bastante de excêntrico, notei que estava com hálito a alce (que como todos sabem é o macho da rena). Daqueles que puxam o meio contentor pré-fabricado (uns chama-lhe trenó, mas trenó é um nome meio afifizinhado de origem francesa) do pai natal verdadeiro. Esse velho bêbado, careca e tarado por crianças. A comunicação social é que adultera e corrompe a realidade, como sempre o faz com tudo, no sentido do maior lucro em publicidade. Propaga uma boa imagem desta sinistra entidade que passa um ano presa e mal sai em liberdade condicional é logo apanhada a aliciar crianças... e ainda há o descaramento de se transmitir tudo na televisão como algo de muito bom e positivo, provocando grande entusiasmo entre os mais pequenos. Como se não bastasse toda a divulgação em torno da coisa, também os pais incentivam os filhos a aceitar este malfeitor em suas casas - "Se não te portas bem o Pai Natal não te traz prendas". Não deveria ser ao contrário? "Olha que se voltas a meter mais uma vez o sacana do gato pendurado no estendal, comes um par de estalos (é coisa de se comer, porque almoçar um par de estalos era bastante mais demorado e aborrecido, com burocracias penosas para ambas as partes envolvidas) e chamo o Pai Natal cá a casa para ele te trazer prendas. É isso que queres? Depois não te queixes que ele te senta de barriga para baixo". As alternativas usadas até agora não têm sido, pedagogicamente, as mais correctas. Estar sempre a usar a entidade "o velho" ou "o polícia" só faz com que não se fique indiferente a estas duas distintas figuras, especialmente quando apanhamos os primeiros a conduzir em contramão na autoestrada porque se confundiram com o caminho.

terça-feira, setembro 19, 2006

Sacrificiu di Pixe

Fui à pesca.

Já se sabe como são estas coisas de ir para a pesca. Mas, para quem não tem ideia como é um dia normal de pesca, vou deixar aqui o breve relato de como tudo se passou.

E digo normal no sentido de "não-homossexual", que é como quem diz, ir para Belém às dez da manhã num Domingo de Sol ameno.

Éramos vinte homens e fizemo-nos ao mar, a partir do Cabo da Roca, às duas da manhã. A forte chuvada que se fazia sentir, já permitia adivinhar que nem tudo poderia correr bem, como seria desejável. A traineira, Virgem Santíssima Dos Milagres, tornava a concentração necessária para a pesca (concentração para se pescar apenas o peixe graúdo e não apenas coisa miúda, um puro maxú pescador tem ao seu alcance tal faculdade para pescar o peixe pretendido, bastando concentrar-se a olhar para a bóia. Consegue discernir o tamanho do peixe e escolhê-lo apenas com o pensamento.) algo complicada devido às violentas oscilações inerentes ao seu pequeno tamanho em tão agitado mar.

Achámos por bem cada um meter um cinto de chumbo à cintura para estabilizar a embarcação. Este procedimento é em tudo idêntico ao daqueles franceses, o Thierry Beille e a Corinne Gaspar a bordo do trimeran Intermezzo, como só meteram um tripulante com cinto, quem o tinha, tinha que estar atado ao centro da embarcação. Isto para evitar que ele andasse solto de um lado para o outro, seria pior a emenda que o soneto (nunca percebi esta expressão "pior a emenda que o soneto", estou aberto a explicações). De outro modo não compreendo a necessidade de atar as mãos a um homem e meter-lhe chumbo à volta da cintura. Os sinais de violência física, não o são. Trata-se apenas de pequenas porradinhas técnicas para homogeneizar a irregular distribuição mássica do André Le Floc'h. Estes franceses só comem porcarias, ficam anafados e depois queixam-se quando é preciso fazer um insignificante esforço físico.

Como, apesar dos esforços, o dono do trimeran não ficou calibrado, o veleiro acabou por se virar.

Continuando...

Com o barco estabilizado, há que pagar ao Deus dos Mares para que Este abençoe a nossa pesca. Não é um deus qualquer, é um deus à antiga, que exige sacrifícios. Por isso mesmo um dos tripulantes da traineira, embora desconhecesse a sua finalidade, não era mais que uma oferenda ao deus Aphyosemion, um deus cuja era de hegemonia foi o Cetáceo.

Degolámos o convidado de menos confiança, alguém capaz de ver um porco valente a ser assado num espeto e optar por comer um hambúrguer, por mero exemplo. Seguiram-se as rezas deste ritual:

"Ah pêxe dum queabrão, estais fedidos filha da putha!" Disse o sacerdote Paulinho enquanto olhava para o mar com um sorriso vidrado de gozo e satisfação.

E atirámos a oferenda ao altar, o mar, como se de engodo para peixe se tratasse.

Apenas sobraram as orelhas, que as havíamos guardado como isco para serem colocadas no anzol posteriormente.

"Agora com o ritual concluído é só apanhar peixe", pensámos.

Ao que parece a oferenda não foi do agrado de Aphyosemion. Sentiu-se bastante lesado e enrolado com esta troca, deste sacrifício em particular por peixe, e foi a partir deste momento que o divino castigo começou...

Dois acabaram-se ao mesmo tempo. Um cuja mulher tinha dado à luz gémeos mulatos, quando ambos os pais são brancos a ponto de se lhes verem as veias e artérias na cara e nos membros, e outro cuja vizinha tem um miúdo que está a ficar parecido com ele, vizinha essa que está casada com o padeiro. Despediram-se do resto da tripulação, foram comprar tabaco e nunca mais voltaram ao barco (estranho é que nenhum dos rapazes fumava).

Um outro meteu a cabeça dentro da água do mar a ver se via algum cardume de tamboril (tinha uma visão muito apurada) e acabou colhido por um espadarte que lhe confundiu a cabeça com um melão, e todos nós sabemos que o espadarte é doido por um bom melão.

O seguinte ainda tentou agarrar o anterior pela cintura para o salvar, mas levou um chuto à Kikin Fonseca no "assunto", perdeu os sentidos e também caiu borda fora. Antes extinguir-se no oceano devorado por uma fera do mar a ser agarrado pelas ancas por outro homem.

Outros quatro lançaram-se à água para apanhar um búfalo marinho (como qualquer homem minimamente homem e que se diga homem sabe, quando alguém se atira ao mar para apanhar um peixe à mão, não o tem que dividir pelos restantes membros da embarcação, pode ficar com ele todo ou repartir por quem o seguiu). Para não estarem armados em finos com esta técnica de "não-partilha", mudámos a rota e eles lá acabaram por desistir de dar aos braços e entregaram-se ao infortúnio da vastidão marítima.

Sete lançaram-se, mais uma vez, em busca do peixe para "não-partilha" e tiveram um fim curioso. Então não é que uma baleia azul os confundiu com bóias do ZooMarine de Oliveira de Azeméis, onde tinha estado encarcerada perto de vinte anos de forma ilegal? A marota, no engodo de receber uns amendoins lançados pelas crianças para a água, tal como lá no ZooMarine de Oliveira de Azeméis (até nisto se vê a crueldade destes parques aquáticos... toda a gente sabe que quem come amendoins é a foca, não é a baleia... cambada de bárbaros) lançou-se a toda a velocidade, nadando para a superfície como se de uma prova olímpica se tratasse. Abanando a sua cauda freneticamente e com desmedida ferocidade, avançou com um ímpeto impressionante e deveras assustador.

A graciosa criatura do Cetáceo (considerada filha de Aphyosemion, e referido muitas vezes como "cetáceo" numa evidente mistura absurda entre ciência e teologia) de quatrocentas e dez toneladas, surgiu à superfície quase na vertical mostrando os seus quarenta e sete metros, virou-se de costas para, em cima dos surpresos e incrédulos pescadores (vistos como meras bóias), fender as ondas com um impacto ensurdecedor, podendo mesmo ser visto como um enraivessido bramido de Aphyosemion. Caiu uma intensa chuva de salpicos por mais de doze minutos.

O último a findar-se, só porque pescou um golfinho bebé para dar gosto à salada (fica melhor que pimentos, para acompanhar sardinha assada) foi trespassado por um arpão lançado de um barco desses selvagens da Green Peace. Primeiro proíbem-nos de apanhar cachalotes que a tanto esquimózinho matou fome, agora isto. Não há direito...

Estranhamente não foi avistado nenhum tubarão. É costume neste tipo de tragédias aparecerem sempre tubarões para "acalmar" os ânimos dos mais agitados... acalmam os ânimos, as pernas, depois os braços, um bocado da bacia, uma omoplata, hande-soy-óne...

Acabámos por sobreviver só três, eu, o Zé o Grande e o Paulinho.

Eu não me perdi na imensidão dos oceanos porque o Zé o Grande me prendeu pelos pés, na parte de fora da pequena embarcação, convencido que todas as vezes que fui à água era em busca do peixe para "não-partilha" (muita gente estiola-se com este tipo de pesca, pode-se dizer que é a mais perigosa).

O Zé o Grande porque foi o que tinha dado mais pelo aluguer do barco (deu um garrafão de vinho lá da terra, apanhar e pisar a uva custa) e não estava ali para sair a perder.

Finalmente o Paulinho porque não sabe fazer contas. Se somarmos os que morreram e os que sobreviveram não dá os mesmos que entraram dentro do barco (não sei bem em que medida é que isto o salvou, mas que o que é importante é que ele se esquivou da morte). Talvez tenha sido da lenga lenga, que repetia incessantemente, lhe tenha evitado o mau olhado: "Ié ié ié Alfama é que é! Schupa..."

Finalmente após apearmos o barco em porto seguro, decidimos ir assentar ideias e reflectir sobre o sucedido para perto de uma barragem (a qual abandonámos junto das oito da noite, e não antes das três da tarde, isto aonde nem sequer a água estava morna e nem eu de fato de banho, já para não falar na densidade de população feminina com ar entre o "Muito" e o "Bastante" saudável que lá nos poderia prender). Para tentar esquecer tudo o que sucedeu de menos agradável, fomos para Torrão, próximo de Alcácer do Sal.

Espero que este relato não interfira com o tratamento psiquiátrico que os sobreviventes estão a ter, ao recordarem tudo pelo que passaram e sofreram. Felizmente sei manter um afastamento saudável disto dos traumas e não preciso de ser acompanhado. O Zé o Grande nega tudo o que se passou, ficou meio apanhado com a coisa com certeza.

As poucas memórias que os outros dois sobreviventes ainda mantêm, estão escritas a partir daqui.

Ainda não eram sete e meia da manhã e estavámos a comer uma bifana e a beber um small laranja f'esquinho, enquanto o resto dos choninhas do café bebiam uma meia de leite com uma torrada seca sem manteiga (já comi torradas secas e tinham manteiga). Lá seguimos para o local de pesca, desta vez com os pés em terra firme e sem sobressaltos.

Curiosamente, o menos experiente nestas andanças, eu, apanhou o peixe maior. O seu tamanho ia quase de margem a margem, só o deixei ir porque não cabia no carro e era um incómodo trazê-lo.

No fim pesei quase oitenta quilos de peixes (a balança marcava em potências de 10). Para grande parte nem foi preciso isco. Foi só lançar o anzol com uma chumbada e o peixe mordia na mesma.

Dei por findado o atribulado dia de pesca.

Com isto tudo se pode concluir que tanto o espadarte como a baleia são ambos peixes meio vesgos. Já vários charlatões afirmaram que a baleia é um mamífero... coisa mais estúpida! Vamos lá encarar os factos: se nada e vive dentro de água, é peixe! Tal como tudo o que voa é gaivota, quer seja uma abelha (por isso não há que ter medo de abelhas, não passam de gaivotas recém-nascidas, são inofensivas. Quem é que tem medo de gaivotas? O único perigo que uma abelha adulta/gaivota matriz (ou gaivota gaivota se quiserem, a gaivota original como muitos leigos a conhecem), representa para a Humanidade é quando estamos deitados à beira mar e aos olhos delas, não passamos de cadáveres que deram à costa. A gaivota, como necrofago reconhecido que é, começa a depenicar-nos os olhos, nariz e os ouvidos, certas que estão de se tratar de um corpo pálido e inanimado, inchado pelos gases da decomposição interna que no nosso âmago ficam retidos (por fora estamos conservador pelo sal da água do mar). Conclusão, apenas os gordos são atacados por abelhas (por ridículo que pareça, na imagem mental das gaivotas, são idênticos a cadáveres inchados). Nunca se viu nenhum recordista, daqueles que carrega quilos de abelhas agarradas ao corpo, gordo, pois não? E os gordos tinham vantagem por terem mais área para as abelhas se agarrarem.), um morcego ou mesmo um macaco que caia desamparado de uma árvore, são gaivotas. Apenas os animais terrestres têm duas categorias: ou são porcos, ou são cavalos. Acho, embora não tenha a certeza, que há quem esteja convencido que os pinguins existem... Lamento informar que não passam de um mito fantasiado pelos tótos dos computadores.

É importante esclarecer as pessoas.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Alguma Terminologia Biológica

Há várias maneiras de nos sentirmos vivos. Algumas requerem métodos avançados e exigências muito específicas para obtenção de resultados.
Não é minha intenção neste post falar sobre as várias alternativas de sentir o fluxo da vida.


Uma das mais eficazes porém, é estar a ver o filme "A Mosca" com a mesma atenção e concentração que dispus quando vi o filme pela primeira vez em 1989 (o filme estreou-se em 1986 mas só deu no tuvisor mais tarde). Só isto claro que não chega... é preciso levar com um besouro na bochecha direita no preciso momento em que a personagem interpretada pelo Jeff Goldblum (o cientista Seth Brundle), espreme as unhas contra o espelho. Este improvável sincronismo só não me fez soltar águas régias porque esse procedimento já tinha sido feito de forma controlada momentos antes. Provavelmente foi aí que a existência extraterrestre entrou dentro de casa (em Almoster a retrete é quase exterior). O que me faz uma certa confusão, é o motivo que levou o besouro a ter embirrado comigo... não sou propriamente um candeeiro aceso para ele ter ficado fascinado com a minha presença.

Foi pena na altura, não ter conseguido saborear essa adrenalina que é sentir-me vivo. Estava mais ocupado a esgrimir no vazio contra o inimigo invisível do que a ter pensamentos filosóficos.

Como é sabido de todos (é tão óbvio que quase que nem merecia a pena escrever o que lá vem, mas como há muito ignorante a ler isto (daqueles que vão comer a rodízios e saem de lá satisfeitos com as "ricas saladas", irra! rodízio é carne), é preferível cultura a mais que a menos, o meu blog existe para isso mesmo, iluminar os pouco iluminados), o besouro é criatura da família Pterygota Neoptera Coleoptera que muitas vezes é confundida, erradamente, com a espécie Gran Cornutus da família Homo Filha da Putissis.

Estes últimos, os Gran Cornutus, têm a particularidade de nunca morrerem, daí a confusão com o escaravelho do Egipto (o besouro é tão parecido ao escaravelho que ninguém reparou que os troquei, repudiados que estavam a olhar para estas criaturas).
Refiro-me àqueles escaravelhos que fazem bolas de esterco (com uma larva sua lá depositada) e que os antigos julgavam imortais. O Gran Cornutus não tem nem a amabilidade nem a delicadeza de morrer e é constituído da matéria das bolas que os do Nilo constroem como incubadoras.


Estou certo que se o apanhasse à traição, tal como ele fez comigo e com 75% dos alunos inscritos na cadeira, no último teste de Sinais e Sistema (repare-se como consegui mudar engenhosamente o sentido do texto e ainda omitir habilmente a quem me refiro), e o apunhalasse 88 vezes, ele jamais morreria. É tão falso que mesmo que o cortasse em porções de 370 gramas cada, e destruísse cada uma delas de diferentes maneiras, é garantido que no dia a seguir a besta estaria em pleno exercício das suas funções.

Não há volta a dar-lhe. Mesmo assim apresento, por mero registo histórico (não faço ideia porque é histórico, mas cá vai na mesma), algumas das hipóteses que me pareceram viáveis para tentar eliminar e suprimir os produtos do esquartejamento do "soutour": Contaminar a malga, do que se assemelha a carne, com ébola; Derreter com ácido; Triturar,misturar com álcool e puxar fogo; Transformar em produtos anti-rugas para chinesas gordas e transpiradas; Fibra para recauchutar pneus; Transformar em acendalhas para lareira; Fabricar esponjas de banho para partes púbicas de pigmeus. Enfim uma infinidade, limitada pela quantidade de matéria disponível, de tentativas frustradas.


Trata-se, com toda a certeza, de uma linhagem de uma extraordinária pureza da espécie. Infelizmente, tais apuramentos, pelos processos consanguíneos que envolvem, acarretam alguns problemas genéticos. Ao fim de algumas gerações, os indivíduos, por terem o sanguem envelhecido, tornam-se deficientes e estéreis. Ora se a primeira "qualidade" é uma certeza, a segunda origina e prova a sub-espécie "Gran Cornutus", neste caso muito específico Homo Filha da Putissis Gran Cornutos "IST SS-06" (IST é relativo à população, SS ao local da colheita e 06 o ano da mesma).

Pode, à primeira vista, parecer que houve uma certa falta de cortesia da minha parte ao ter escrito o nome Homo Filha da Putissis Gran Cornutus. Nada mais errado. Apenas referi a correcta designação cientifica atribuída a estas peculiares criaturas. Não é de estranhar o facto, a título de curiosidade, que quem baptizou a espécie, tenha sido eu.

quinta-feira, julho 13, 2006

Recordações Recentes

Para primeiro post de férias nada melhor que um post sobre as aulas, para que todos os que ainda não estão de férias se relembrarem disso.

É mais por só agora ter encontrado o papel onde o tinha escrito do que para amofinar quem ainda estuda ou trabalha. Estranhamente, o papel, ainda estava onde o tinha deixado (se repararem com atenção, esta observação não faz sentido nenhum, se sempre esteve no mesmo sítio e eu me lembrava do sitio onde estava, porque não fui logo buscá-lo?)

Cá vai:

"Hoje o meu dia, foi um dia grande. Passei por vários níveis de agitação com algum pânico à mistura. Apesar da primeira visão dentro do campus da faculdade parecer que o dia ia ser promissor, a partir desse momento só veio o declínio por impulsos abruptos.

A seguir a uma série de acontecimentos irrelevantes, começou a pressão a iniciada por um momento de grande tensão. Tensão essa que vivo repetidamente todos os dias de semana. A tensão diabólica sofrida para não deixar o tabuleiro da cantina cair. Tensão essa repartida em duas prestações equivalentes às duas viagens que faço com ele.

Isto de eu demorar muito tempo a almoçar mais não é que uma tentativa fútil de adiar o inevitável.

Hoje um desgraçado (que se não o era passou mas passou a sê-lo depois daquela tragédia) deixou cair o tabuleiro. Eu fui, com um sorriso incontroladamente grande, igual ao de quem está a achar dinheiro, o primeiro numa valente salva de palmas que se gerou na cantina.

Diz o ditado "não faças aos outros aquilo que não gostas que façam a ti", geralmente sigo-me mais pelo não permitir que seja possível, evitando a todo o custo a hipótese, que os outros me façam aquilo que lhes gosto de fazer, daí este ser, em média, o momento mais tenso dos meus dias. Quando a cantina está cheia chego a ter suores frios de medo do que a sorte me reserva.


É algo que toca a todos e não pode haver discriminação... um professor uma vez escorregou perto das máquinas do sumo (o que é estranho porque aquilo pega-nos ao chão) e não só o tabuleiro, como também ele, foram ao tapete. Também fui dos primeiros a bater palmas vigorosamente para cumulativa fúria do docente, que não só tinha acabado de ficar sem almoço sobre o qual tinha caído, como também estava a ser gozado. A ser mesmo professor, tratou-se de um corriqueiro castigo divino.

É que cadeiras ainda se chumbam... para o semestre há mais. Agora deixar cair o tabuleiro destrói totalmente qualquer um.

Seguiu-se o concluir do relatório para três feito por dois que demorou cerca de uma semana a fazer. A trinta minutos da entrega do mesmo reparou-se que no meu enunciado dizia 2005 e não 2006 e como tal "uns tantos" valores iniciais estavam "um pouco" alterados. Fórmulas algo "vastas" na sua dimensão, repletas de variáveis trocadas e operações muito para além das quatro elementares, em adicção ao facto de os cálculos estarem a ser feitos numa máquina modelo a seguir à gama das conversoras de Euro, dão momentos de pura alegria e adrenalina quando se olha para as seis páginas de valores errados (valores que por "sorte", estavam todos encadeados uns nos outros).

Há já algum tempo que não me divertia assim tanto.


Um laboratório serviu para me acalmar um pouco e demonstrar que tenho controlo absoluto sobre o material. Com um botão cheio de ganho e escala das dezenas, consegui controlar o valor gerado às centésimas. Melhor nem a própria máquina.


Para culminar o dia, veio um testezinho de uma cadeira que afinal não tem exame tal como eu pensava aquando me sentei na cadeira para o fazer. O testezinho revelou-se um meio-exame. Faltou-me estudar a parte inicial da matéria que curiosamente saiu numa das poucas perguntas. Ainda os enunciados não estavam todos entregues já eu estava a vasculhar impulsivamente na mala, à procura de uma pequena folha com aquilo explicado. Não eram cábulas porque aquele papel escrito por mim não estava predestinado a tal. Eram fruto do acaso, calhou, não tenho culpa, logo é incorrecto ser visto como cábula.

As três folhas A4 de "rascunho", que por acaso estavam impressas a laser dos dois lados e com letra pequena e meticulosamente dobradas em quatro, estavam dentro dos bolsos laterais das calças. Como é que eu depois as ia usar subtilmente, é um problema que apenas surge no momento em que se torna precioso o aclaramento de informação cerebral. O que é necessário saber está sempre escrito na parte de dentro e junto à dobra do papel.

Lembro-me de tentar meter a jeito o papel que tirei da mala e parecia que estava dentro de uma câmara de eco a desembrulhar, descascar, desabotoar, desenrascar, desenvencilhar, desenlaçar, desempenar, descalçar, etc. (depende essencialmente do operador em questão) um rebuçado mentolado envolto em papel de prata.

Tendo sido a minha última refeição, o almoço na cantina há sete horas e meia... quando dei por mim estava a acompanhar, com barulhos de carros de rally, rateres estomacais por falta de alimento. Tal como no Rally de Portugal, aquando de uma ou outra passagem menos controlada em Sintra, um piloto fugia um pouco da trajectória ideal, também depois do teste saíram uns tantos feridos graves da audiência."


Isto de posts em férias não tem tanta piada. É vital aquela aflição de falta de tempo para nos agarramos afincadamente a projectos paralelos ao estudo, como já o tinha dito num post anterior.

quinta-feira, maio 04, 2006

Adjutare Unu Dot

Ainda sou do tempo em que os pais e os avós batiam nos filhos e netos (respectivamente) por estes colarem dots no televisor.

Também sou do tempo em que os pais e os avós batiam nos filhos e netos (respectivamente) por estes não os colarem no televisor e estragarem dots que "ainda estavam bons". Era frequente ver os cachopos a apanhar nas ventas em pleno estabelecimento de fastfood por os pequenos estafermos estarem a colar dots nas paredes e nas mesas, inviabilizando um potencial prémio.

Regra geral a mãe arreava com as expressões e genica de quem apaga um incêndio com uma manta, só que neste caso a manta era a mão que ataviava uma cara que já devia estar a arder, e o pai, que era mais entendido no assunto, tentava arranjar a importante e magnífica hóstia das prendas.

Era um Portugal dividido por uma nova religião, ou se acreditava no dot ou se era ateu em relação ao dot. Não havia meio termo nem lugar para indecisões.


Nunca descobri uma explicação, assente nos pilares da ciência, que me aclarasse como é que uma rodela de cartão canelado com uma película autocolante, conseguia guardar informação sobre o programa visto e se visto até ao fim.



Várias explicações me foram dadas mas todas convergiam para a transcendente incerteza: "no entanto há diversos tamanhos de tuvisores e o dot é sempre, sempre o mesmo..." com voz de Galileu Galilei que, já no leito da morte, proferiu a célebre frase: "no entanto ela move-se..."



Com o dot nasceram uma série de boatos e histórias de gente que enviou dots por "activar" e ganhou uma torradeira (no meu caso uma amiga de uma amiga minha ganhou uma acelera), logo desmentido por gente que viu quem disse que o seu envio de dot foi anulado por este estar danificado ou activado incorrectamente (como se as entidades promotoras se dessem a esse trabalho).


Como tudo o que há por cá neste país de fuinhas, formou-se uma elite de especialistas em dots. Elite que aparece sempre nestas coisas do oculto. Activava dois dots por programa "é só mudar no intrevalo, tem é que ser no intrevalo...Há-de asheprimentar lá no seu tuvisor como eu lhe estou a dizer... nunca reparou que no intrevalo se apaga o boneco do dot? É à confiança... o programa dentro do dot não apanha! Um primo de um conhecido meu trabalha lá no dot e diz que não há mal nenhum, durante o intrevalo há uma falha no sistema! Só tem que ter o brilho bem puxado lá no seu tuvisor que é para aquilo gravar como deve ser".


Recordo vagamente algumas fortunas que se fizeram com a combinação de dots com programas gravados em vídeo... gente que se dedicava a tempo inteiro a colher proveitos do dot para subsistência de toda a família.

Era mais lucrativo que uma máquina de fazer notas.


A precisão com que se centrava um dot no canto superior direito e a preciosidade com que se o metia no envelope para não se estragar, chegava a ser mais cirúrgica que muitas operações com cirurgiões de renome.


Confesso que não cheguei a colar nenhum dot na testa mas tenho pena de não o ter chegado a fazer.

segunda-feira, abril 17, 2006

Um Campista Num Caguincha

Tanto faz serem iogurtes como deodorantes para maxú (escrevo maxú e não macho para evitar incorrectas interpretações, desde que começou a vertente "macho" (muitas vezes, nestas ocasiões, lê-se "mátchou" e só comem saladas e macrobiótica) que é crítico fazer a separação para não se confundir o inconfundível), as velhas e as "pretas" (geralmente ambas são mais maxú que todos os outros machos) querem todos só para elas, nem que seja para ter mais que as outras e porque "isto pra hóme ou mulher é tudo a mêma coisa".

É pior que dar carne aos leões no seu estado selvagem. Há uns dias atrás estive a distribuir destes deodorantes Nívea para maxú, daqueles que os velhos usam. Velhos que, no Parque de Campismo da Costa da Caparica (e digo isto porque sei por experiência própria), se levantam as 5 da manhã para se irem arranjar ao bloco sanitário para em seguida irem ao Mercado do Monte da Caparica (vão de camioneta apesar de terem um Morris Marina vermelho, o qual passam grande parte da tarde a limpar e tem um papel colado no volante a dizer: "Meter o sinto" e não "cinto") comprar sardinhas, hortaliça fresca (que é como quem diz: cultivada em quintais localizados na parte de trás de uma paragem da rodoviária ou nas traseiras de uma obra particular (para fazer um "anexo") e colhida a caminho da praça) e variado material chinês aos ciganos.

Fazem a barba com lâminas da Bic, saem de lá com a cara toda dilacerada, com falta de enormes bocados de pele (como quem cai e raspa os queixos (apesar de só se ter um) no cimento) e cheia de papelinhos na cara (não sei qual a justificação para esta atitude), duas bolsas de gel de barbear penduradas por detrás das orelhas e claro, o tresandar a deodorant do já referido anteriormente.

De salientar que acordam toda a gente das tendas vizinhas com os seus repenicados assobios matinais e sucessivas descargas de autoclismo que geralmente são precedidas de enormes e sufocados gritos de esforço e agonia física em tudo semelhantes aos libertados pelos tenistas profissionais mas mais roucos, duas oitavas abaixo e bastante mais distendidos no tempo.

Na grande grande maioria das vezes, no espaço temporal intercalar entre estes dois acontecimentos (sopro sonoro vindo do fundo dos pulmões e o repetido descarregar de autoclismo), é ouvido um som que em tudo se assemelha a um murro na porta mergulhado de costas e com bastantes salpicos na área circundante. Não se sabe o que poderá causar tamanho estrondo decibélico (que recorda vagamente, aos veteranos da Segunda Guerra Mundial, a explosão de uma carga de profundidade, solta na tentativa de afundar os já afundados submarinos), mas o silêncio cortante que o acompanha em seguida é uma certeza (tal como o era nas grandes guerras a seguir a explosões que se davam perigosamente perto, apenas um pequeníssimo e distante silvo alimentava a desorientação no vazio).

Seguem-se as tais descargas de autoclismo.

Como almoçam sempre às 11.32, quem até aqui se tinha aguentado a dormir pensando que era resistente o suficiente, ou morre sufocado ou acaba mesmo por acordar com a fumarada que sai de um minúsculo e rasteiro fogareiro (não é um taxista, nem tinha sentido no contexto). Eu consigo fazer uma pequena chama com pouco mais de um metro de altura com uma fornalha destas, mas nem um décimo do fumo.
Talvez com um pouco mais de caruma...

Se for um "companheiro" à altura, avisa os demais da zona que vai "fazer má vizinhança".

Neste caso, o companheiro é também dos mais cavalheiros quando há bailarico no campo da bola (dentro do parque de campismo). Paga sempre uma bifana ou uma bola de berlim e um "small" de laranja ao neto da viúva com quem quer dançar em seguida.

Ao contrário "dos outros bêbados que não saem do pé da kermesse das rifas que também vende vinho a copo e outros comes", são os que se bailam com mais safanões e os mais soltos da festa. Aguentam a noite toda a dançar mas as 9.30 já estão na caravana a dormir.
A fatiota é sempre constituída, entre diversos adereços, por uma camisinha muito leve de cetim ou seda sintética feita p'los amarelos e vendida pelos ciganos no mercado. Estão sempre com grandes manchas de suor nas costas e nas axilas não pela ineficácia do prestigiado deodorant, mas pela medíocre qualidade do tecido.

São homens modernos segundo eles mesmo (o que talvez justifique por que a quase todos lhes foram metidas orelhas de osso) mas não gostam desta música moderna, "é só barulho! Esta malta jovem de hoje em dia já não se sabe divertir" e começa a descrição dos seus saudosos tempos de meninice, das brincadeiras inocentes e dos cachaços, que lhes tiravam os sentidos, dados pelos pais das meninas que andavam a cortejar... "alguma vez se dizia uma alguma coisa um ao outro? Quanto mais beijos... era só troca de olhares e já se gozava a vida".

Os putos gracejados por estes "magníficos" acabam sempre a noite com o cabelo, na parte da moleirinha, alisado e gorduroso de tanta festa que levam. São gozados e apelidados de maricas pelos da mesma idade e vulneráveis a ataques de pedófilos porque pensam que são todos como os velhos do deodorant.


Amanhã vou dar chocolates...

quarta-feira, março 15, 2006

Parare Illu Pilu

Hoje fui ao baeta, ao sour Abílio. E como é habito cada vez que vou ao baeta, não só escrevo aqui (em jeito de promessa), como também parece que está tudo a olhar para mim, até seres inanimados (como por exemplo, o velho com ar de marreta que está sempre na barbeeiria lá sentado numa cadeira do canto, cuja única missão na vida é tirar-me o raio do jornal, assim que penso em pousá-lo, ainda nem o fiz e já está nas mãos dele).

Acho que sou particularmente afectado pelo chamado Síndrome do Baeta. Quando se sai daquele estabelecimento de prestação de serviços, fica-se com a paranóica sensação que todos nos observam com a sagacidade de um esquizofrénico.
Eles não me conhecem mas eu sei que eles sabem que há algo de diferente em mim, é inquietante!

Quis o cabelo à Marco Paulo, que é como quem diz: à emigrante quando volta a Viana do Castelo para abrir um café (geralmente com uma inovação merdosa que trouxe de França que só serve para acumular prejuízo), está bem na vida! Como não tenho caracois, o mestre Abílio sugeriu um corte e penteado semelhante ao do rei, não o Rei Elvis porque esse é Rei com maiúscula, mas sim o consagrado Roberto Carlos, o cantor.

Não sei ao certo o que aconteceu, nem que voltas se deram no entretanto, mas saí de lá com um corte de cabelo revolucionário, à Martunis (o rapaz indonésio que se safou do tsunami e que tinha a camisola da selecção) depois da passagem da vaga em que mais pirolitos se viu obrigado a engolir...

quinta-feira, março 09, 2006

Glória Vastitudine

Hoje, a caminho da cantina, colocaram-me uma questão à qual, fiquei sem resposta:
"Como é que se é do Sporting...? Não tem sentido!"

Bloqueei por completo, atónito, remeti-me ao silêncio.

Por um lado compreendia a simplicidade da pergunta, por outro, fiquei abismado com as excessivas iterações para alcançar a complexa resposta.


Como também não percebi o porquê (sendo o Benfica muito grande porque é o maior, porque raio é que se é do Sporting?), optei por frizar a diferença de escala entre um Benfica e o Sporting.


Para tal, bastou-me pegar no jornal diário gratuito e reparar na diferença de espaço dedicado. O Benfica teve direito à manchete e à fotografia da capa, teve também para si quase toda a área disponível para a secção de desporto.

Claro está que o tema era a vitória sobre o Liverpool, outra coisa não seria de esperar para além da vitória. O Benfica jogou à Benfica: glorioso, épico e triunfante. Por seu turno, a estrela do Sporting (quando o Benfica só tem galáxias) queixa-se, numa pequena coluna no fundo da página, quase metida no meio da publicidade, que "o Boavista é difícil".
Repare-se nesta desmedida e impressionante diferença de grandezas: Um ganha tranquilamente ao campeão europeu, que jogava em casa, o outro tem medo e mostra-se preocupado com uma equipa do norte deste tacanho país.


Bom, agora é esperar que seja o Barcelona para ficar já despachado, íamos apanhá-lo de qualquer das formas na final, assim quanto mais cedo melhor.

terça-feira, março 07, 2006

Duello Titanikós

Isto de ter natação de manhã, almoçar na cantina, sendo o almoço à base de pão e água, e ter a seguir uma aula numa sala tipo estufa (abafada e com um intenso cheiro a próximo), em que nos enterramos em cadeiras almofadadas e com um professor de voz baixa e com tom monocórdico a passar acetatos como método de ensino... não dá sono!

Eu é que devo estar a chocar uma trombose daquelas que deixa qualquer um entrevado numa cama. Não só risquei o caderno todo a tentar escrever, como também fiz caras de total demência e gestos incontrolados, geralmente no sentido da força gravítica.

Acho que era uma luta mais justa, equilibrada e competitiva, se tentasse aguentar uma hora, sem adormecer, com a cabeça enfiada dentro de um saco de plástico bem atado e isolado do exterior com um forte elástico em torno do meu pescoço, do que esta proeza titânica que é estar nesta aula sem pregar olho.

Provoca sono instantâneo, incrível! Nem se chega a entrar na zona de sonolência, passa de um estado para o outro directamente.

Bom esta ida à retrete para vir beber água e tentar recuperar os sentidos está a ser longa demais... vou voltar para me martirizar mais um pouco.

domingo, fevereiro 26, 2006

Gloriari Totale

Primeiro, uma imensa força da Natureza, reencarnando o Espírito da Águia mas com os dentes parecidos com os do Luisão, devorou meia península inglesa.
Hoje, apesar de ser feio e desagradável, para quem vê, estar a bater em mortos, fomos obrigados a incinerar o adversário no Inferno da Luz. Não era para menos depois das mirabolantes insinuações que se têm feito ouvir (mas que já mais se fazem sentir). Se há coisa pior é dor de parte da testa com maior densidade óssea.
"Ah... isso foi contra o Liverpool, agora o Porto..."
Comparar o Liverpool ao Porto, enfim... apenas há que relembrar que o Liverpool também se veste de vermelho.

Esta gente habituada a coisas pequenas confunde-se quando está perante um Benfica. É compreensível, é como obrigar os garotos da escola preparatória a fazer contas de multiplicar (porque com o Benfica as contas são sempre para se ficar ainda maior) com números grandes. Estão mais habituados a fazer contas de adicionar ou subtrair com números miúdos e depois ficam confusos e baralhados sem saber o que fazer com tamanho número.

Para quê palavras?
Que justificações arranjar para uma verdade irrefutável? Para um Benfica absoluto que é tudo e total? Para um Benfica que é Kamehamé?
Benfica és o máiore!

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Profissão de Extremo Risco

Horda de pigmeus selvagens, por sinal esta era uma das tribos mais violentas e radicais do mundo, canibaliza-se ferozmente para conseguir levar um chocolate. Os mais perigosos são, sem dúvida alguma, os da sub-raça "velhas con settenta netus" cujo grito de guerra: "é mais um que é pró meu netinho (apesar de já terem pelo menos cinco na alcofa, juntamente com prospectos de várias religiões e para cima de trinta e dois sacos de plásticos vazios), está-me a chamar mentirosa? Tenho idade para ser sua avó!" faz estragos por onde ecoa. Também nunca pensei que houvesse tanta "gente" com familiares acamados, que estão "muito mal", que precisam de uma amostra de chocolate com trinta e sete gramas para se curarem e alcançarem a felicidade absoluta. Se eu não der, desejam-me a mesma sorte e agoiram contra mim até à oitava geração.






Felizmente, apesar de ter os membros superios completamente atrocidados pelas suas unhacas, consegui safar-me, fugindo desesperadamente para o lado contrário ao foco da acção de markting... as colegas tiveram que trepar a estação de Metro senão dificilmente aguentariam tamanha compressão e calcamento.

Quase que garanto que todas as guerras mundiais começaram com um simples "é o último chocolate...!" ou "já acabaram!".

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Razza Mixturata

Para primeiro post do ano, vou relatar muito brevemente o meu dia de trabalho.

Tinha como missão distribuir comida para cão. Daqueles barras para os cães roerem e supostamente lavarem os dentes.
Lá estava eu às 7 da manhã no Terreiro do Paço para oferecer os meus serviços.

Avisei alguns amigos o que iria fazer hoje com "amanhã vou dar comida de cão aos pretos".

Racismo à parte, disse isto a pensar que quem estava a esta hora em tal local, só podia ser quem trabalha que nem um preto, logo eu também sou preto por lá estar e não tem sentido estar a ser racista comigo mesmo (embora haja brancos que se castigam e martirizem por não serem arraçados de bijagós porque assim não podem sentir verdadeiramente o hip-hop, a revolta contra o não sei quê que lhes dá para fazer aquelas coisas relatadas no Correio da Manhã). Com esta conclusão, de me considerar preto, deitei por terra a quase totalidade dos argumentos que muitos tinham para me acusar de racismo.
Jamais pensei que aquilo que disse seria uma profecia.


Uma das coisas que me despertou muita curiosidade foi saber que mais de 90% da população que por ali passou tem dois ou três cães, mas o que mais me espantou foram umas certas senhoras que à minha insistência, repetiam sempre a mesma cantilena:
- Eó tênhu doish minino!
- Só posso dar um por pessoa...
- Eó tênhu doish minino!

Aqui já reflecti sobre as suas palavras e corrigi as minhas palavras:

- Oh minha senhora... isto é comida para cão!
- Eó tênhu doish minino!
- Comida, cão!
- Eó tênhu doish minino!

Com tamanha e hipnótica retórica o que poderia eu fazer?
Lá acabei por lhe fazer a vontade e dei-lhe quatro pacotes.


Outros iam buscar por buscar... e por ser dado tentavam levar o maior número possível, só por levar e para que os outros não levassem mais que eles.
Por vezes era rodeado por um eclipse que, talvez por hábito, ia lá buscar com extrema ferocidade apesar de não saber o que se tratava.

Mais tarde cheguei à irrisória conclusão que há muito humanoide que circula no nosso país que desconhece por completo o nosso dialecto.
Em alturas separadas, vi uns três senhores, que vinham de uma das minas de carvão da margem sul, a debaterem-se ferozmente com as barras que, ao analisar pelas suas suas expressões, se colam bastante aos dentes.


Também eu trouxe algumas das amostras, não para consumo próprio, mas como prenda a uma criatura fantástica que é minha vizinha, a Zuca!


Se eu tivesse o mesmo tipo de influência nas moças como tenho nela... "mô amigo!" certamente que o meu estatuto seria extraordinariamente invejável. Para muitos, é de uma inestimável valia chegar ao pé de alguém do sexo oposto e esse alguém deitar-se instantaneamente de barriga para o ar com as pernas abertas.

Fico-me por aqui... não consegui pensar noutro sentido para a última frase senão o mais brejeiro, perverso e ruim.



Post mais curto que este, só ficando a dever letras e cada vez que o leitor abrisse o blog desaparecia metade das letras do último texto aberto no seu computador.