quarta-feira, março 15, 2006

Parare Illu Pilu

Hoje fui ao baeta, ao sour Abílio. E como é habito cada vez que vou ao baeta, não só escrevo aqui (em jeito de promessa), como também parece que está tudo a olhar para mim, até seres inanimados (como por exemplo, o velho com ar de marreta que está sempre na barbeeiria lá sentado numa cadeira do canto, cuja única missão na vida é tirar-me o raio do jornal, assim que penso em pousá-lo, ainda nem o fiz e já está nas mãos dele).

Acho que sou particularmente afectado pelo chamado Síndrome do Baeta. Quando se sai daquele estabelecimento de prestação de serviços, fica-se com a paranóica sensação que todos nos observam com a sagacidade de um esquizofrénico.
Eles não me conhecem mas eu sei que eles sabem que há algo de diferente em mim, é inquietante!

Quis o cabelo à Marco Paulo, que é como quem diz: à emigrante quando volta a Viana do Castelo para abrir um café (geralmente com uma inovação merdosa que trouxe de França que só serve para acumular prejuízo), está bem na vida! Como não tenho caracois, o mestre Abílio sugeriu um corte e penteado semelhante ao do rei, não o Rei Elvis porque esse é Rei com maiúscula, mas sim o consagrado Roberto Carlos, o cantor.

Não sei ao certo o que aconteceu, nem que voltas se deram no entretanto, mas saí de lá com um corte de cabelo revolucionário, à Martunis (o rapaz indonésio que se safou do tsunami e que tinha a camisola da selecção) depois da passagem da vaga em que mais pirolitos se viu obrigado a engolir...

quinta-feira, março 09, 2006

Glória Vastitudine

Hoje, a caminho da cantina, colocaram-me uma questão à qual, fiquei sem resposta:
"Como é que se é do Sporting...? Não tem sentido!"

Bloqueei por completo, atónito, remeti-me ao silêncio.

Por um lado compreendia a simplicidade da pergunta, por outro, fiquei abismado com as excessivas iterações para alcançar a complexa resposta.


Como também não percebi o porquê (sendo o Benfica muito grande porque é o maior, porque raio é que se é do Sporting?), optei por frizar a diferença de escala entre um Benfica e o Sporting.


Para tal, bastou-me pegar no jornal diário gratuito e reparar na diferença de espaço dedicado. O Benfica teve direito à manchete e à fotografia da capa, teve também para si quase toda a área disponível para a secção de desporto.

Claro está que o tema era a vitória sobre o Liverpool, outra coisa não seria de esperar para além da vitória. O Benfica jogou à Benfica: glorioso, épico e triunfante. Por seu turno, a estrela do Sporting (quando o Benfica só tem galáxias) queixa-se, numa pequena coluna no fundo da página, quase metida no meio da publicidade, que "o Boavista é difícil".
Repare-se nesta desmedida e impressionante diferença de grandezas: Um ganha tranquilamente ao campeão europeu, que jogava em casa, o outro tem medo e mostra-se preocupado com uma equipa do norte deste tacanho país.


Bom, agora é esperar que seja o Barcelona para ficar já despachado, íamos apanhá-lo de qualquer das formas na final, assim quanto mais cedo melhor.

terça-feira, março 07, 2006

Duello Titanikós

Isto de ter natação de manhã, almoçar na cantina, sendo o almoço à base de pão e água, e ter a seguir uma aula numa sala tipo estufa (abafada e com um intenso cheiro a próximo), em que nos enterramos em cadeiras almofadadas e com um professor de voz baixa e com tom monocórdico a passar acetatos como método de ensino... não dá sono!

Eu é que devo estar a chocar uma trombose daquelas que deixa qualquer um entrevado numa cama. Não só risquei o caderno todo a tentar escrever, como também fiz caras de total demência e gestos incontrolados, geralmente no sentido da força gravítica.

Acho que era uma luta mais justa, equilibrada e competitiva, se tentasse aguentar uma hora, sem adormecer, com a cabeça enfiada dentro de um saco de plástico bem atado e isolado do exterior com um forte elástico em torno do meu pescoço, do que esta proeza titânica que é estar nesta aula sem pregar olho.

Provoca sono instantâneo, incrível! Nem se chega a entrar na zona de sonolência, passa de um estado para o outro directamente.

Bom esta ida à retrete para vir beber água e tentar recuperar os sentidos está a ser longa demais... vou voltar para me martirizar mais um pouco.