segunda-feira, outubro 31, 2005

Procrastinatore Proficientis

Eu ficar sozinho em casa e mentalizar-me que fico para estudar é o equivalente (que vem de equídeo valente -> cavalo intrépido e tudo o que lhe é inerente) a meter uma criança dentro de uma sala apinhada de brinquedos e dizer-lhe que não pode tocar em nenhum porque senão vem lá o velho (que é uma figura genérica para meter medo às crianças, mas o contrário é que ocorre... os velhos é que têm medo delas) e faz-lhes mal. "Que se lixe, com factor F, o cabra macho do velho" e nem quinze segundos se aguentam, que é o tempo que demoram a escolher com qual querem brincar primeiro (geralmente nestas situações as crianças, se forem como eu, querem brincar com todos, nem que isso implique desarrumar por desarrumar).

Assuntos relativos à procrastinação já foram inúmeras vezes abordados e discutidos, eu mesmo temo já estar a repetir-me ou a repetir palavras de outrem, mas é impossível. Parece boa altura para fazer tudo com um entusiasmo doentio, nunca me preocupei tanto em cortar as unhas e, mesmo não as tendo grandes, tive que as ir cortar com todo o primor e asseio.

Uma cascata rejubilante de imaginações alucinogéneas e visões psicadélicas brota dentro da minha cabeça. Desde ideias para o blog, argumentos para filmes, projectos de músicas, viagens infinitas pelo interior da minha mente a todos os locais impossíveis e extravagantes, muito para além desta caixa que gira em torno do Sol, mundos fantásticos todos ao meu alcance até ao... raio da doença do cubo de Rubik. (Apenas conseguir fazê-lo está longe de deixar alguém satisfeito, há que fazê-lo bem depressa. Fazê-lo em menos de 1 minuto parecia algo distante de início. Agora que passei essa barreira, 1 minuto ainda está demasiado perto, apesar de ter reduzido 20 segundos a esse marco. Já tentei esconder o cubo de mim, mas sempre sem sucesso. Posso demorar o meu tempo, mas acabo sempre por descobri-lo.)

Neste momento acabei de preencher uma página A4 com textos para o blog quando esta mesma folha devia ser uma folha de rascunho com um formulário para o teste (não sei o quero dizer com esta última frase... mas ser apanhado com papeis pequenos num teste é o mesmo que ser judeu e ser surpreendido em flagrante a roubar um oficial alemão num campo de concentração. Na face oposta, ninguém é suficientemente estúpido para ter cábulas de tamanho A4 e usá-las descaradamente, é ridículo só de pensar.)


Como disse em primeira mão ao meu Amigo Kaiser, é lavar a cara com água fria e acreditar que se vai estudar e trabalhar de seguida... sempre são 10 a 15 minutos que se perdem no entretanto.


Já agora... não compreendo o alarido de alguns relativamente ao último post, não me parece que seja faccioso com o Benfica, tudo o que disse são axiomas. É verdade que me custa ver o Benfica como um todo pela sua dimensão... é tão grande que com ele se tem uma noção do infinito melhor que a lobrigar o próprio infinito.
A Ferrari ter escolhido o vermelho em honra ao Benfica para mim é um facto, não invencionices megalómanas da minha parte.


O Uel Mig, felizmente, já está em fase de recuperação. Levou três pontos na moleirinha porque a morsa lhe mastigou e roeu a cabeça em sinal de carinho e afecto, enquanto o conservava imóvel debaixo de 800 Kg de gordura e pele áspera com poucos pêlos mas daqueles que "picam", para o manter protegido, durante o acto em si, do extremo frio polar. Mas nada de grave. A enfermeira chefe do hospital onde ele foi, uma ucraniana que ganhou por 6 vezes o ouro em duas edições dos Jogos Olímpicos, onde se distinguiu nas modalidades do lançamento do disco, do martelo e do peso, todas na categoria mais pesada, fez-lhe o toque rectal (aprendi o termo e apenas o termo, com o meu Amigo Vencislis) e disse que estava tudo bem.
Aqui tenho duas coisas a assinalar... salientar o hipotético tamanho dos dedos da enfermeira ("talochas" com a grossura de dois dedos (provocando assim uma série infinita.. dedos com a grossura de dois dedos, cada um com a grossura de dois dedos, etc.. foi comprovado que tendia para infinito pelo próprio Uel Mig que, mais uma vez, se sacrificou em prol do bom nome da Ciência)) e explicar que o toque rectal, nestes casos, é quase como ligar um computador à centralina de um automóvel, aqui em específico, como já foi dito, era um cabo com uma tomada algo grossa.


E para terminar, um pouco de humor negro, que não pode estar logo no início do post.

Estava eu numa sala de estudo quando à minha frente se senta, de costas para mim, um moço de tez bastante torrada.
Montou o seu estaminé mas não estava a vender artesanato da Serra Leoa, como poderia levar a crer a qualquer cidadão respeitável, estava ali, ao que me pareceu, para estudar.

Na vez seguinte que olhei para ele, coçava lentamente a carapinha com os três dedos mais exteriores da mão (o polegar estava dobrado para dentro e o curvado indicador erguido para cima), aparentava estar a tentar olhar sorrateiramente por cima dos ombros em jeito de visão periférica. Numa atitude que se confundia entre acanhamento e entusiasmo.

Intrigado por tamanho constrangimento, olhei para o monitor do portátil do moço de cútis acentuada (num momento estão a esbagalhoar maçaroca no meio do mato, no outro já têm portátil).

Constatei que estava a ver a sua caixa de email... e também reparei que grande parte dos emails lá contidos tinham como assunto: "BUNDAS DO BRASIL".

Com estas palavras escritas no meu blog, vou ter algumas visitas extra, cortesia de alguns motores de busca. Se acrescentar ainda a palavra "GRÁTIS", garanto que ainda mais visitas terei... não irei no entanto meter "FREE DOWNLOAD", nem "MPEG" ou "AVI" porque iria desvirtuar o número real de visitas.

Continuando...

Embora tenha "clickado" e aberto ainda um dos emails, ao qual apareceu um enorme "pandeio" bronzeado, coberto com gotas de água, em bikini curto e que ocupava todo o ecrã de lado a lado, o rapaz de epiderme maculada, apesar de se encontrar num enorme estado de euforia interior (com isto digo "euforia de espírito" e não outra coisa qualquer), viu que estava muita gente na sala e, assustado que nem um númida quando viu os primeiros colonos julgando que era a chegada da Morte, mudou rapidamente para uma outra página de carácter documental sobre o que passa no seio da Natureza, mudou para uma página de nome AngoNotícias e logo de seguida para o Angola Acontece.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Avé Benfica!

Lei Universal da Cosmologia
Benfica é quanto mede o Universo de uma ponta à outra.

Primeiro Corolário
Se ninguém pára o Benfica e se este é uma medida absoluta, então o Benfica está em expansão.

Segundo Corolário
Se o Benfica se expande permanentemente, então também o Universo está em expansão.



Aforismo Dogmático
Segundo o Novo Testamento (conjunto dos livros bíblicos posteriores ao nascimento de Jesus Cristo), Jesus Cristo não esverdeou e muito menos azulou, Ele encarnou, logo Benfica é Deus.

Primeiro Corolário
Benfica é tudo, Deus está em todo o lado, logo Deus e Benfica são Um e Um só todo.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Pertinácia Anuária

Já se passaram dois anos desde o primeiro post. Dois anos desde que criei um blog sem saber que raio era um blog. Dois anos a tentar vender a banha da cobra sem ter banha da cobra, vendo sebo de coelho que é bastante mais hediondo.

Ultimamente, tal como o clima global, tenho oscilado entre a seca de letras e palavras ao dilúvio de vocábulos, provocando assim um enorme descontentamento entre os nativos, eles não gostam de extremos. Tem-me sido difícil fazer o contrário.


Se por um lado não tenho tempo para escrever, por outro, quando o faço, não poderei meter meia dúzia de frases porque já acumulei uma quantidade razoável de ideias.


Nesta altura do ano é-me sempre difícil dissertar sobre o abstracto (ainda para mais com os meus propiciadores de ideias longe do meu paradeiro habitual. Finalmente descobri o que se passou com o Uel Mig (que em americano clássico se lê Mig, Uel) para nunca mais ter dado notícias... foi brutalizado sexualmente por uma morsa macho e encontra-se em recuperação. Que recupere rapidamente e que fique pronto para outra (nem que isso requeira treino ou alguma operação delicada) são os meus sinceros desejos). Para não falar na bofetada de angústia que recebi quando vesti uma camisola e senti frio nos pés, ambos pela primeira vez depois destas férias, depois desse ínfimo período de tempo pelo qual levo o resto da minha vida a ansiar "agora vida... só d'aqui a 10 espinhosos meses".

É que é este o procedimento que oficialmente fecha a época de praia e dá por iniciada a sessão da enfermidade. Vem aí a chuva e com elas as mesmas notícias de telejornal de sempre:

- colheitas perdidas pela chuva;
- inundações na América Central, não há vitimas portuguesas (entrevistam um português e ele responde sempre em espanhol com algumas palavras em português com sotaque espanhol);
- desavença conjugal manda cunhado para a esquadra por posse de 536 doses individuais de estupefacientes e cerca de 1400 euros em material roubado;
- vampiro é esquartejado no seu quarto em Odivelas por populares romenos;
- desabamento numa mina de carvão na Europa de Leste (ao que parece é um país) tira a vida a um número primo de dezenas de trabalhadores kozovares e afegãos;
- excursão pedestre de testemunhas de Jeová é colhida por um comboio;


Comecei a trabalhar num pequeno part-time. Ando a distribuir amostras de iogurtes e cereais aos pigmeus à porta do metro ou do comboio (embora nos dias em que estive na estação do comboio ninguém tenha caído à linha).

Poderia dissertar sobre a ganância e o comportamento macabro das senhoras de idade e das de etnia diferente da minha ("lá vem este com o racismo... estares a falar em "preto" ou em "cigano" é estares a ser racista") que me obrigava a recolher cinco pés para trás por cada mão de amostras que dava. A única vez que hesitei, arrancaram-me um bocado de carne do dedo, foi como estar a alimentar os leões sem ser a atirar a comida para dentro da jaula.

Vou antes falar de um pequeníssimo e peculiar episódio. Então não é que, num certo dia, tive como colega uma daquelas moças lá do iéxetê, que olho poucas vezes para ela? Tal acontece porque, assim que ela entra no meu alcance visual, fito-a continuamente até ser impossível de o continuar a fazer, ou porque se meteu atrás/dentro de algum edifício, ou porque comecei a chorar por não pestanejar ou ainda porque ela desapareceu na linha do horizonte.


Tudo correu bem nesse dia à parte de uma coisa. Encontrava-se ela dentro da caixa frigorífica da carrinha e eu à porta, quando, subitamente, ela se baixa para apanhar iogurtes... tal foi a sorte ou infortúnio que tive que nada me aconteceu. Para além da paragem cardio-respiratório, senti uma vibração intensa que me provocou uma gelada paralisia que me apanhou o corpo todo. Apenas soltei um breve latido, esbugalhei os olhos desmedidamente e tremi os queixos. Tal deveu-se ao facto de o meu cérebro ter tido duas reacções instantâneas distintas, sobre a forma de um só impulso. Os músculos ficaram tensos e inertes e sem acção por não saberem a qual dos estímulos obedecer.

Um ímpeto levava-me a dar-lhe uma dentada, o outro a dar-lhe uma palmada, ambos numa nalga carnuda.
Acabou por nada acontecer... não consigo no entanto se isso foi bom ou mau.


Agora sou um magnata... com os primeiros cobres estive para comprar metade do império do Abramovic (todo não para não deixar o rapaz na miséria), mas depois pensei naquilo e vi que era capaz de dar algum trabalho... "não, não é p'ra mim!".
Logo a seguir ocorreu-me: "Boa! vou comprar um iate!". Mas aonde o meto? Deixo-o cá fora para apanhar cáca de gaivota ou os outros meninos mexerem nele e depois se estragar? E com a falta de água que há para aí em que local ia passear com ele? Ir para o Oceano Atlântico e riscar o casco no fundo do leito? Acabei por desistir da ideia. Por impulso e sem pensar muito na coisa, acompanhado por uma despressurização abrupta da tripa: "Porra...! Só se vive uma vez! e no fim dei comigo a comprar quatro pacotes de Sugus de morango a meias com o Davi D (lê-se "Dávi Dê").

Este meio amigo, não só é meu colega na malfadada instituição, como também o é na natação.

Natação... as aulas são a doer, mas fazem bem. Ainda há dias, no dia a seguir ao treino, acordei e senti-me apertado... tirei a t-shirt a custo para não a rasgar e dirigi-me para a retrete. Ao sair do quarto bati com ambos os ombros nas lombadas da porta - "Ouwa... tu queres ver que estou um autêntico couraçado humano? Que tenho as costas tão quadradas que nem uma caixa de fruta montada na traseira de uma Famel?" Bom... a rigor estava enrolado na camisola e o raio da porta está aberta a um terço e na realidade bati com um ombro na porta e o outro é que foi na lombada.

Adiante...

Na natação há lá uma moça que cá fora é gira, mas lá dentro já não a consigo encontrar... das duas uma, ou não anda na natação ou tenho que lhe dar uma dentada (vocês sabem onde) cá fora (esta estranha apetência anda-me a preocupar, será normal?) e depois tentar descobrir a referida marca dentro de água (parece-me a mim o método mais plausível, é a técnica Komodo, morde a presa e depois segue-a já fragilizada), ou então é muita perfídia produção.


Por aqui me fico... para o texto continuar curto. Espero que o conteúdo comemorativo do segundo aniversário tenho agradado ao leitor. Obrigado por continuarem com paciência e perseverança para lerem o meu blog.