domingo, dezembro 06, 2009

Alimentum Dolentæ

Há coisa de semana e meia estive um bocado achacadiço. Levei uma noite a vomitar e, no dia seguinte, estava todo partido com o esforço físico que estas provas desportivas de regurgitação exigem. Foi um momento patrocinado pela comida da cantina. A ementa toda ela, naquele dia em particular, era má. Coisa rara como se sabe. De repente e fora de contexto, apareceu um único tabuleiro cheio de feijoada. Do mal o menos fui para a feijoada e passei a restante tarde desconfortável. A indisposição foi escalando e assim que cheguei a casa, chegou ao topo do esófago. A vitória foi celebrada com um jorro de comida e bílis e um berro daqueles típicos de quem vomita. A intifada teve várias réplicas e o conflito apenas terminou a meio da noite.

Eu a vomitar (simulação por computador).

Fiquei desiludido comigo mesmo... homem que é homem nunca vomita. Quanto muito, vá, tem diarreia e apenas a "apanha" quando faz a tropa em África ou quando come uma rameira com bicho. Segui o lema "antes faça mal do que se estrague" e ia morrendo. Até agora o "faça mal" nunca tinha passado de uns breves e ligeiros fenómenos de gasoterismo.

Ao expor o problema de forma amigável na cantina, falaram comigo como se a culpa fosse minha, que fiquei com o estômago estoirado por querer: "Pois... vocês queixam-se todos que vomitaram mas o comer foi para análise e veio tudo negativo!"

Com esta frase fiquei a saber o seguinte:
- que não devem ter sido poucos os que ficaram mal. Já tinha tido conhecimento de outros que ficaram aflitos sem comerem feijoada, pelos vistos foram mais do que pensava;
- que "comer" não é só o acto de ingerir comida mas como também significa a própria comida legitimando a frase "comer o comer";
- o dito comer teve nota negativa a tudo e nem a Educação Física nem a Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) se safou. Na primeira só os estupidamente gordos é que chumbam, à segunda só mesmo por faltas.