quinta-feira, julho 13, 2006

Recordações Recentes

Para primeiro post de férias nada melhor que um post sobre as aulas, para que todos os que ainda não estão de férias se relembrarem disso.

É mais por só agora ter encontrado o papel onde o tinha escrito do que para amofinar quem ainda estuda ou trabalha. Estranhamente, o papel, ainda estava onde o tinha deixado (se repararem com atenção, esta observação não faz sentido nenhum, se sempre esteve no mesmo sítio e eu me lembrava do sitio onde estava, porque não fui logo buscá-lo?)

Cá vai:

"Hoje o meu dia, foi um dia grande. Passei por vários níveis de agitação com algum pânico à mistura. Apesar da primeira visão dentro do campus da faculdade parecer que o dia ia ser promissor, a partir desse momento só veio o declínio por impulsos abruptos.

A seguir a uma série de acontecimentos irrelevantes, começou a pressão a iniciada por um momento de grande tensão. Tensão essa que vivo repetidamente todos os dias de semana. A tensão diabólica sofrida para não deixar o tabuleiro da cantina cair. Tensão essa repartida em duas prestações equivalentes às duas viagens que faço com ele.

Isto de eu demorar muito tempo a almoçar mais não é que uma tentativa fútil de adiar o inevitável.

Hoje um desgraçado (que se não o era passou mas passou a sê-lo depois daquela tragédia) deixou cair o tabuleiro. Eu fui, com um sorriso incontroladamente grande, igual ao de quem está a achar dinheiro, o primeiro numa valente salva de palmas que se gerou na cantina.

Diz o ditado "não faças aos outros aquilo que não gostas que façam a ti", geralmente sigo-me mais pelo não permitir que seja possível, evitando a todo o custo a hipótese, que os outros me façam aquilo que lhes gosto de fazer, daí este ser, em média, o momento mais tenso dos meus dias. Quando a cantina está cheia chego a ter suores frios de medo do que a sorte me reserva.


É algo que toca a todos e não pode haver discriminação... um professor uma vez escorregou perto das máquinas do sumo (o que é estranho porque aquilo pega-nos ao chão) e não só o tabuleiro, como também ele, foram ao tapete. Também fui dos primeiros a bater palmas vigorosamente para cumulativa fúria do docente, que não só tinha acabado de ficar sem almoço sobre o qual tinha caído, como também estava a ser gozado. A ser mesmo professor, tratou-se de um corriqueiro castigo divino.

É que cadeiras ainda se chumbam... para o semestre há mais. Agora deixar cair o tabuleiro destrói totalmente qualquer um.

Seguiu-se o concluir do relatório para três feito por dois que demorou cerca de uma semana a fazer. A trinta minutos da entrega do mesmo reparou-se que no meu enunciado dizia 2005 e não 2006 e como tal "uns tantos" valores iniciais estavam "um pouco" alterados. Fórmulas algo "vastas" na sua dimensão, repletas de variáveis trocadas e operações muito para além das quatro elementares, em adicção ao facto de os cálculos estarem a ser feitos numa máquina modelo a seguir à gama das conversoras de Euro, dão momentos de pura alegria e adrenalina quando se olha para as seis páginas de valores errados (valores que por "sorte", estavam todos encadeados uns nos outros).

Há já algum tempo que não me divertia assim tanto.


Um laboratório serviu para me acalmar um pouco e demonstrar que tenho controlo absoluto sobre o material. Com um botão cheio de ganho e escala das dezenas, consegui controlar o valor gerado às centésimas. Melhor nem a própria máquina.


Para culminar o dia, veio um testezinho de uma cadeira que afinal não tem exame tal como eu pensava aquando me sentei na cadeira para o fazer. O testezinho revelou-se um meio-exame. Faltou-me estudar a parte inicial da matéria que curiosamente saiu numa das poucas perguntas. Ainda os enunciados não estavam todos entregues já eu estava a vasculhar impulsivamente na mala, à procura de uma pequena folha com aquilo explicado. Não eram cábulas porque aquele papel escrito por mim não estava predestinado a tal. Eram fruto do acaso, calhou, não tenho culpa, logo é incorrecto ser visto como cábula.

As três folhas A4 de "rascunho", que por acaso estavam impressas a laser dos dois lados e com letra pequena e meticulosamente dobradas em quatro, estavam dentro dos bolsos laterais das calças. Como é que eu depois as ia usar subtilmente, é um problema que apenas surge no momento em que se torna precioso o aclaramento de informação cerebral. O que é necessário saber está sempre escrito na parte de dentro e junto à dobra do papel.

Lembro-me de tentar meter a jeito o papel que tirei da mala e parecia que estava dentro de uma câmara de eco a desembrulhar, descascar, desabotoar, desenrascar, desenvencilhar, desenlaçar, desempenar, descalçar, etc. (depende essencialmente do operador em questão) um rebuçado mentolado envolto em papel de prata.

Tendo sido a minha última refeição, o almoço na cantina há sete horas e meia... quando dei por mim estava a acompanhar, com barulhos de carros de rally, rateres estomacais por falta de alimento. Tal como no Rally de Portugal, aquando de uma ou outra passagem menos controlada em Sintra, um piloto fugia um pouco da trajectória ideal, também depois do teste saíram uns tantos feridos graves da audiência."


Isto de posts em férias não tem tanta piada. É vital aquela aflição de falta de tempo para nos agarramos afincadamente a projectos paralelos ao estudo, como já o tinha dito num post anterior.