sexta-feira, abril 08, 2005

A Nova Era Eclesiástica

Este semestre prima pela quantidade de testes que tenho às várias cadeiras, o último foi a Termodinâmica. Mas pergunto-me, como é possível estudar se não me saem da cabeça perturbantes preocupações, tais como:

- Saber que o furador de papel de casa está descentrado. É verdade, mas já resolvi o problema de forma prática embora ligeiramente demorada (o que por si revela uma certa contradição). Optei por calibrar o artefacto recorrendo a projecções de sombras e medições com moedas para achar o centro. Depois de ter estado entretido durante bons tempos acabei por pegar na régua e fazer o que devia estar feito.

- Estar constantemente a recordar-me dos 10 cêntimos (que ainda são 20 paus em moeda antiga) que a mula que vende senhas na cantina (não confundir com as simpáticas senhoras que também lá vendem senhas) me roubou. Não tanto pelos 10 cêntimos (vocês imaginam o que dava para comprar com 20 paus antigamente?) mas mais pelas desculpas dadas para não me devolver o que me foi retirado de forma imprópria e fraudulenta.
Não ter troco num dia é uma coisa mas, no dia seguinte, responder-me sempre com um sorrisinho "viesses cá ontem, agora já 'tá feita a caixa e se tirar agora 10 cêntimos logo fica a faltar dinheiro", pois mas entretanto os vários 10 cêntimos colhidos abusivamente no dia anterior já não fizeram diferença. Enquanto não lhe der prejuízo equivalente aos meus 10 cêntimos, embora com a crise em que se vive actualmente, as coisas tendem a desvalorizar selvaticamente, jamais a minha alma encontrará descanço e conseguirá habitar consigo própria sem ser em plena inquietação.


O teste de Termodinâmica era constituído por dois problemas. O primeiro foi um dos poucos tipos de exercícios que não tinha tentado, por escassez de tempo, resolver. Para análise tinham um êmbolo cilíndrico contendo um gás perfeito diatómico e um pistão, ambos com as suas características ou dadas ou por calcular. O outro era um problema dado nas aulas práticas mas que nem os próprios professores, especializados no assunto, tinham chegado a um consenso sobre a sua correcta resolução e inerente conclusão.

Acontece que o primeiro problema, visto não ter recebido relevante importância nas aulas, era um bom problema para quem está habituado (ou familiarizado) a exercícios que envolvam pistons a empurrar-lhes os gases ou, no caso pontual da "ex-colega do 3310", quem o tinha feito momentos antes da prova. Colega que, de forma altamente corajosa e envolta em enorme bravura, passou aos amigos a resolução do dito em pleno calor da batalha (e com o inimigo ali tão perto da nossa retaguarda).
Valentia que se revelou magnânima ao ter desejado que saisse aquele problema pois assim poderia ajudar os seus camaradas, ao invés de ter essa fantasia como uma sentença pressagiando a desgraça alheia, ambicionando ser a única sobrevivente para puder regozijar-se, num contínuo orgasmo mental, saboreando as atrocidades que infortunavam os demais (algo que só é possível de pensar aos pungentes e déspotas).


Termino este mísero post com um breve comunicado.

COMUNICADO

Após alguma reflexão e ponderação, e sem qualquer influência, quer por parte externa quer por parte da comunidade, dou por findada a época de caça à paulada ao esquilo (embora hoje pudesse ter aberto uma excepção e ter dado uma cajadada, à maneira antiga, com uma cana de bambu no lombo, para ver se retirava alguma inquietude que atormentava a criatura). Confesso que já me escasseavam ideias para esta prática desportiva, até porque não havia assim tanto para ser gozado. Em "alguns" casos vi-me forçado a amplificar um "bocado" o âmago da matéria em questão, para que a sua compreensão se tornasse acessível. Nesta altura do texto, alguns leitores mais astutos e sagazes, já se estarão a aperceber que irei mudar os rituais e alterar a matéria para exorcismar para outra cujo potencial de gozabilidade se encontra no limiar do infinito.

Não poupo elogios àqueles que, com um rasgado sorriso de sabedoria na cara, conjecturaram que dei por iniciada a época de caça, por apedrejamento (tal como se faz às mulheres árabes que cometem o adultério e com a mesma fé e boa vontade com que se perseguem pagãos), ao aeróstato inventado pelo padre Bartolomeu de Gusmão.


Qualquer comentário referente ao comunicado, que eu considere imprópio, será prontamente retirado ou alterado.