sexta-feira, junho 24, 2005

Auto(Cata)clismo Visceral

Hoje (na realidade não foi hoje... mas como não me lembro quando foi, facilita muito a coisa dizer que foi hoje), pela única vez (forma bastante sucinta de dizer "pela primeira e última vez"), "almocei" na macrobiótica da cantina. Porquê? Porque as alternativas eram, ao que eu julgava antes de me meter nesta suicida aventura de privação de alimento, piores que o aspecto apetitoso que "aquilo" aparentava apresentar.

O prato de "carne" era jardineira polvilhada com carne e o peixe eram filetes. É que para mim a verdadeira macrobiótica era isto mesmo: filetes, frango, coelho, lulas, rissóis, etc. (um parêntesis... que era suficiente meter só o caracter "(" mas fica bem dizer a palavra, para mim o bacalhau não é peixe, é bacalhau, tal como a sardinha é sardinha e não peixe ou outra sub-género qualquer) não é aquela coisa. E eu que me perguntava como era possível comer todos dias macrobiótica sem ficar saturado... agora pergunto-me, como é possível comer todos os dias? Quero dizer... ainda estarem vivos? Ou pelos menos não andarem sem o cabide do soro atrás e ligado directamente ao cérebro?
Continuando...
Acabei por ser seduzido por vários amigos (salvo seja...), que julgava se preocuparem comigo, com promessas falazes das maravilhas que a macrobiótica oferece, a experimentar ingerir daquelas substâncias enganadoras.

Estava com fome mas, à medida que o prato se ia esvaziando, os meus sentidos alertavam-me para uma sensação de fraqueza contínua. Apesar de mastigar e engolir o milagroso alimento, o roncar e a dor no estômago eram uma constante e em quase tudo semelhante à que teimava em fazer-se sentir antes da refeição.

Fartei-me de tanto comer ao ponto de ficar cansado, doerem-me os maxilares e, mesmo assim, a única impressão que tinha, para a além da miséria de sustento alimentar que se mantinha, era que tinha o estômago inflado com ar.

Mal por mal, penso que era mais aceitável beber dois litros de água como se fosse um penalti de tinto para encher o estômago e contornar a fome, sempre enganava melhor, sempre se ficava mais pesado e o desconforto era outro... apenas as eructações eram acompanhadas de "água-à-boca" que estava acumulada no esófago.


Durante a "Hora do Rájá" (que por minha vontade tinha sido logo instantaneamente a seguir ao poisar do tabuleiro na passadeira rolante), e ainda aborrecido com a coisa, revelei o sucedido a um amigo e colega, chamemos-lhe Uel Mig (que em americano se escreveria Mig, Uel). Assim não só preservo o seu anonimato (anonimato este que se vai mostrar muito importante), como também, poderei contar a coisa como ela realmente aconteceu, mas que o próprio teima e irá teimar que não foi nada disto que se passou, tal foi a tragédia que ele sofreu que forçou o córtex a apagar-lhe esta memória da cabeça. Felizmente eu sei o que se passou, sei a verdade (porque muito que lhe custe a aceitar) e irei expor a coisa com enorme objectividade e clareza (como se quer em casos choque como este). Jamais será fruto do meu imaginário quimérico.


Vendo-me perturbado com o sucedido, decidiu desabafar, contar a sua história, desvendar o seu segredo relativo a uma experiência aterrorizante com macrobiótica. Terei eu ficado mais descansado a saber este seu capítulo da sua vida?


Tudo ocorreu num pequeno festival de Verão (posso afirmar com plena certeza, como sempre o faço em tudo o que digo, que este festival não dava direito a uma pulseirinha (não confundir com umas outras já anteriormente referidas neste blog, que tanta polémica, discussão de ideias gerou mas também houve quem, e bem, concordasse comigo, e que muitas visitas me têm trazido graças à ajuda de vários motores de busca que metem o meu blog nos primeiros resultados para "pulseirinha anti-racista" (que mete piada... nem tinha reparado, não é contra o racismo em si, é contra o racista)) laranja que eu, por acaso e sem querer... (aqui faço uma cara parva (ai agora a minha cara é sempre parva...?) de quem tenta ser convincente, geralmente evito olhar para os olhos da pessoa nesta manobra de diversão astuta, para não me rir) reparei quem tem usa uma no braço esquerdo), desses que se acampa no "campus" do espectáculo. Foram tantos os parêntesis que meti neste parágrafo que até eu fui obrigado a relê-lo.

Ainda o sob o efeito da alegria do acontecimento de estar na festa, foi em cantigas e acabou no refeitório a comer macrobiótica (acho que só os "alegres" é que comem na macrobiótica com frequência).

Deu-se uma reacção em cadeia, idêntica à fissão nuclear do plutónio (aqui o elemento radioactivo era o bolo alimentar (noutros estados a seguir mas não me lembro do nome) que devia ser inerte a um intestino de quem come regularmente na cantina e tudo é embebido em mostarda, ketchup e maionese, ambos armazenados em recipientes de 5 litros que se encontram expostos ao Sol) mas sem refrigeração no reactor principal, que de seu a conhecer por ciclónicas ventosidades e que originou uma das mais vexantes e afrontosas provas de atletismo misto (era uma espécie de prova australiana... várias provas de rapidez e resistir durante a competição toda) da história campista de festivais de Verão.

Consta-se que os primeiros sprints eram acompanhados com um constante sopro pianíssimo meio tossido de quem o tenta prender com as nalgas. Sopro esse que se aliava a um breve gemido, emitido pela garganta, ligeiramente arranhado numa desesperada tentativa de disfarçar infrutiferamente a maleita que o persegue.

Quem não simpatizou muito foram os outros campistas, que, não estando em condições de se inscreverem na prova, foram obrigados a ser espectadores desta sinfonia sibilina.
Descreveram os que se encontravam em pleno troço, que era um frenesim apoteótico: fecho da tenda a abrir repetidamente durante a noite e em intervalos muito curtos que, juntamente com as constantes descargas de autoclismo e com as incessantes passagens dum lado para o outro, com uns passos acelerados de quem tenta correr mexendo apenas dos joelhos para baixo e que se agarra a barriga que estremece com cólicas explosivas, criavam um efeito especial em stereo, corrosivo para quem tentava dormir tranquilo um sono que não se concretizava.
Volta não volta, a azafama era intercalada com tropeçar nas "guitas" que agarram as tendas às estacas, acompanhadas com um gemido de quem se tenta aguentar e um consequente aterrar de focinho na areia misturada com terra que abafou, de certo modo, um grito aflitivo e meio chorado ("ain-him-him") de quem, ainda a comer terra com os dentes e com os olhos, pensava ter conseguido e que havia apenas libertado uma pequena despressurização da tripa e constata, em pânico, que sentiu nas bordas um flato enlameado que o encheu com uma vergonha desmedida.


Os testemunhos afirmam que visitou tanta vez os sanitários, que um dos porteiros do parque, muito observador no que respeita a jovens rapazes a irem para a retrete, ao ver a quantidade massiva de papel higiénico que este moço esgotava, lhe dirigiu um pequeno comentário "ai que rabinho tão guloso que o meu lindinho tem aí..." (ficou-se sem perceber o que ele quereria dizer com isto) seguido de uma breve piscadela de olho e de uma tentativa de perseguição para troca de miminhos. A partir daqui começou a evacuar de forma acrobática, com as duas pernas levantadas para prender bem a porta com os pés e sempre a olhar para cima com medo que o sr. Julião o estivesse a espreitar. O medo por aquela entidade era tanta que mesmo só tendo um restinho de papel higiénico agarrado ao rolo, aquela última folha mais rija já com a parte da cola, se recusou a ele próprio de chamar ajuda. Num ultimo acto de desespero tentou limpar-se com aquilo mas ao que esta atitude o conduziu foi a espalhar o substracto pelas bordas.

O mais impertinente era ter de ir a casas de banhos totalmente imundas... onde parecia que que alguém se tinha feito explodir. O nosso intrépido herói tinha de andar a escolher qual a pia que se encontrava mais apresentável e, não por poucas vezes, devido à incapacidade e hesitação na escolha, sentiu um alívio incomodo em pleno corredor.
Quando encontrava uma menos má, nem sempre a sorte lhe sorria. Tinha que meter várias camadas de papel higiénico em cima do aro da sanita para não lhe tocar com parte alguma mas, por vezes, o ataque abdominal para expelir todo o lodo aprisionado foi tão grande, que acabou no chão a rastejar que nem um "marine" na guerra do Vietname, com as paredes da retrete com pinturas a reproduzir as da camuflagem usada no local do conflito.


Esta inglória jornada acabou às 9 da manhã com o Uel Mig totalmente exausto e fustigado que nem uma concubina que passou uma noite a exercer a sua actividade com as tropas pessoais do imperador
Mas debateu-se que nem um herói de guerra, devia ser galardoado, nem que fosse com um busto no meio da retrete com uma insígnia qualquer e uma frase de ocasião: Aqui, Uel Mig, travou a batalha mais feroz da sua história em tempo de guerra.


Após um breve descanso, viu-se obrigado a abandonar o recinto apressadamente, não só pelo profundo opróbrio e pela extrema ignomínia, mas também pela escassez de roupa desprovida de despojos de guerra (disseram-me que até chapéus serviram de penico de viagem nocturna).



É por estas e por outros que comigo, macrobiótica nunca mais! Não me ocorreu, que eu tenha notado, nenhum efeito secundário nefasto por enquanto mas não vale a pena correr riscos desnecessários.

O que vale é que no jantar, já não me "comeram" (salvo seja) e fui para a carne. Era borrego com muitos ossos, gordura animal (que nunca tinha reparado que é tão doce e saborosa) com fartura e dose dupla de molho ("mas isto já tem tanto molho, menino..." - ponha mais que eu é que sei...)para lubrificar bem a máquina. É que ao almoço até o sumo com poderes psicotrópicos infinitos e o pão-pastilha sabia a mais que tudo o resto... é que nem com "sangue de Lúcifer" (tabasco) com fartura consegui dar sabor àquilo.

quarta-feira, junho 22, 2005

Adoração à Creoulina

Não queria mas a tal me obrigam...

Não venho dar recados nenhuns a ninguém, a situação é demasiado grave para isso. Não é uma questão de História, nem de identidade ou de cultura, é sim uma questão de respeito pelo ser humano e pela vida em sociedade. Estou farto que me mandem em cara coisas infundamentadas e desprovidas de argumentos com nexo. Qualquer coisa que eu diga sobre crime ou segurança é "impugnada" com um "és pouco racista és...", o que revela quem associa o crime às etnias.

Não estive, por conseguinte foi impossível verem-me lá, na manifestação de dia 18 porque, muito simplesmente, ela foi convocada para contestar a onda de crime que tem abalado o nosso país e que tem aumentado de forma exponencial mas, na realidade, foi uma manifestação da extrema-direita e virada para a xenofobia e são ideais que se desviam em muito dos meus ideais, embora haja um infímo de ideias em comum, mas estas são provocadas pelos factos e não por qualquer doutrina, opinião ou princípio. Acusar por acusar e apontar o dedo com fúria a alguém é fácil, o que é difícil é reflectir sobre o que se incrimina e acusa, “és porque és” ou "não... és agora" ou ainda "não que ideia..." não me parecem ainda, por enquanto, suficientes para defender uma ideia ou fundamentar o que quer que seja.

Mas curiosamente não vi nenhum sofista moderno, desses detentores da razão total e da verdade e sabedoria absoluta, com uma capacidade infinita de visionar o que os rodeia e de julgar os outros, com um megafone na praia de Carcavelos ou nos comboios da linha a apregoar para as vítimas (sublinhe-se a palavra vítimas), que, mais que danos materiais, sofrem danos psíquicos causados pelo terror e pelo pânico, para tirarem as palas dos olhos, palas essas provocadas por ideias racistas que os media nos contaminam, e olharem à sua volta, para verem que são crianças inadaptadas. Bom... há já quem o faça e, enquanto o passageiro do lado é submetido ao choque de ser assaltado, humilhado e molestado, prefere olhar para a janela (mesmo que esteja a passar num túnel), para o tecto (mesmo que não tenha pegadas, embora pouco falte), para os poucos painéis de publicidade que ainda não foram vandalizados e assim tem a sua realidade, "não vejo, logo não existe... só espero que não me toque!".
Mantêm-se imóveis e inertes à espera que o problema dos outros passe e assim evitam serem acusados de racistas ou de extrema-direita, porque é isso que importa! Os outros cometem crimes mas o que importa é que nós nos mantenhamos calados para não nos atribuírem, sempre com grande sobressalto de ânimos, palavras que são ditas com tom incriminatório. Entretanto há quem seja esfaqueado e inutilizado para o resto da vida, mas se se fala no assunto é racismo... como disse uma senhora dePutada do Bloco de Esquerda, Ana Drago, "falar do arrastão é estar a ser-se racista e xenófobo" e respondeu a um deputado que disse "gente capaz de fazer tão mal aos seus mais próximos (...) só pode ter um tratamento de choque”, com um “A intervenção que o senhor deputado fez nesta câmara é ao jeito e na tradição populista, xenófoba e preconceituosa.” Enfim... que comentários fazer?

Mas relembro, por alto, o que um criminologista disse: não é preciso dizer a uma criança para não meter os dedos na tomada da electricidade, basta ela lá meter uma vez os dedos e apanhar um "esticão" que aprende para o resto da vida. É que a vida, como disse um filósofo chinês, é um balanço de dor e prazer, se a criança não sentiu prazer ao meter lá os dedinhos, sentiu dor e não quer repetir a experiência. Ora se os marginais, com estes actos, não sentem dor, obviamente que sentem prazer e querem repeti-lo pelo prazer em si.


Dizem que há manipulação dos media, e é verdade... (poderia dizer que abafam o que realmente se passa para não alarmar ainda mais o cidadão, mas não o farei) por isso é que as imagens e vídeos tardam em aparecer. Então não é que os malandros dos jornalistas passam tardes inteiras entretidos com o The Gimp (programa freeware para Linux de edição de imagens) a mascarrar um a um os marginais até Carcavelos parecer o ponto de chegada do derrame do Prestige ou até o comboio da linha ter o aspecto de que meteram a arder pneus dentro das carruagens?

Jorge Sampaio visitou a Cova da Moura no mesmo dia da manifestação de extrema-direita. Os habitantes da Cova da Moura não são todos marginais nem criminosos, há lá muitas pessoas (quase todas as pessoas, excluindo os animais) que estão numa situação social tal da qual lhes é quase impossível sair, mas o nosso presidente da república fez-se acompanhar por um pequeno exército. Estou certo que qualquer outro cidadão, se lá entrasse, teria sérios problemas e de certo a sua recepção não seria de boas vindas (será que é preciso passaporte para entrar nesta parte do "nosso" Portugal?). Há uns anos o ex-ministro Jorge Coelho tentou fazer o mesmo noutro bairro social problemático (atenção à palavra problemático) mas, por obra do infortúnio, esqueceu-se da escolta de elite e apenas levou jornalistas, confiante que não iria ter problemas por ser quem é... teve que ser accionado um plano de emergência para o conseguirem tirar de lá com um mínimo de segurança. A calamidade foi tal, que os media viram-se forçados a esquecer este pequeno incidente e pouca importância lhe deram.

Aborrece-me profundamente a distorção de factos e o argumento vazio, só com palavras subjectivas e vagas contra os dados e contra a estatística da PSP e da PJ... o que há a dizer contra 70% dos crimes são cometidos na região de Lisboa e cerca de 63% desses crimes são cometidos por uma minoria étnica? Ou que 57% das prisões em todo o Portugal são preenchidas por essa mesma minoria? Faço questão que notem na palavra minoria e que reparem igualmente que a percentagem da minoria supera a da suposta maioria. Como dá para ver com enorme clareza, não sou eu que estou a generalizar e a julgar todos por uma meia-dúzia.


Outra coisa que execro é desviarem a conversa por nada conseguirem fazer para terem razão, estou a falar de insegurança e vêm-me com coisas como esta:
-"Tu está calado (ai a censura... e eu é que sou de extrema-direita e fascista) porque se não fossem os emigrantes, Portugal não era o que é (sinto-me muito tentado a concordar) porque os portugueses (será que também são portugueses?) são uns calões e não querem trabalhar!"

Não só estão a excluir as etnias dos cidadãos portugueses, coisas que me acusam, como estão a desviar a conversa para outro "problema" completamente diferente! Se quisermos, ainda é possível interpretar a mensagem "os emigrantes só servem para trabalhar nas obras".
Mas permitam-me lembrar que Angola jamais seria o que foi e o que hoje poderia ser (mas que infelizmente a guerra civil, e não a colonial, destruiu... poderia acrescentar mais umas coisinhas aqui, mas nem vale a pena de tão óbvias que são) se não fossem os portugueses.
Mas para não dizerem que ficam sem resposta e que também eu estou a desviar a conversa:
Infelizmente estes trabalhadores não vêm para trabalhar nas obras, como se gosta de dizer. Vêm sim para serem explorados por empreiteiros, construtores e empresários (já para não falar em outras mafias) gananciosos, imorais e ávidos por dinheiro e poder. Estes emigrantes trabalham em condições nulas de segurança muitas vezes, em condições desumanas, salários por vezes ridículos, não fazem descontos para coisa alguma e, na generalidade dos casos, não têm cá a família para sustentar (com tudo o que isso acarreta) e o pouco que mandam para as suas terras é o suficiente para terem uma vida menos má. Mas aqui o crime é outro, e não é o dos trabalhadores (hoje como estou numa de salientar palavras, saliento a palavra trabalhador em contraste com a palavra parasita, se é que me faço entender). Mas ninguém gosta de ser explorado... se há quem possa arranjar outro trabalho com condições mais humanas era idiota em não o fazer. Havendo quem, devido à sua pobre condição social e financeira, se sujeite a esta escravização, claro que os "grandes" se vão aproveitar e jamais, em tempo algum, se vão privar de ter mais lucro quando há quem não imponha um conjunto mínimo exigências legítimas.


Mas isto tudo sou eu que o digo, cego pelas palas da tolice. Sou eu que quero ver o problema em vez de abrir os olhos e olhar para o meu umbigo. Sou eu que me preocupo com idiotices que não existem e que teimo em acreditar.

Já agora reparem no trocadilho do título, é que para ajudar à festa a creolina é um anti-séptico extraído do alcatrão da hulha.

domingo, junho 19, 2005

Anatídeo Bravio

Hoje cortei o cabelo (que entretanto já faz quase uma semana, porque, antes de passar para o formato digital, fui escrevendo isto num rolo de cartão reciclado, que antes era a espinha dorsal de um rolo de papel de cozinha, em jeito de livro antigo, tipo um papiro enrolado) e cada vez que corto o cabelo tenho que escrever aqui qualquer coisa relativa à ida ao baeta, quase como uma promessa, nem que seja para acrescentar algo de novo ao já descrito. Desta vez o baeta, o sôr Abílio (verdadeiro nome), deu-me a garantia de 2 meses, ou seja, se até daqui a 2 meses não estiver satisfeito com o resultado, posso lá ir e tenho direito a um corte de cabelo totalmente novo, nem que seja cortado à chapada (a garantia não cobre problemas de humidade ou problemas que envolvam responsabilidades inerentes ao cliente, tais como bossas na superfície craniana). Claro que, por si só, esta garantia nada revela visto que o último corte de cabelo aguentou-se-me 5 meses, é apenas para dar ainda mais confiança a um serviço a que já deposita total confiança, eu pelo menos confio na totalidade da arte do sôr Abílio.

Isto de ir ao baeta é muito mais que um simples cortar de cabelo, é como ir a um psicólogo (que de certa forma também é confidente), sai sempre de lá uma pessoa diferente daquela que entra. Eu, por exemplo, saio sempre de lá com a mentalidade que tinha há 15 anos atrás e sinto-me coagido a fazer o que fazia nessa altura (embora nesses tempos o agente moderador (pais) fosse maior nestas coisas, agora não acreditam que eu ainda queira fazer as coisas que não me deixaram fazer então). Para ajudar à festa, tinha na caixa do correio um panfleto dos "Brinquedos semos Nós" e lá encontrei bens de extrema necessidade. Do mais prioritário de todos que lá encontrei foi um par de bisnagas super soaker, -"e para qué que um caramelo com a tua idade precisa de bisnagas?", muito simples... porque quero, não tenho nenhumas como deve de ser (gostava de conhecer a entidade competente que regula isto do "como deve de ser") e fazem-me falta. Também lá marquei um Ferrari da Lego (o melhor brinquedo de sempre segundo a minha opinião, às tantas também compro um balde com 800 peças que também está barato (as coisas quando me fazem falta não olho a custos), uns walkie-takies (estava lá escrito assim) ninja com um raio de acção de 3 Km, um mega disfarce Batman ninja (a palavra Batman é uma manobra de "marquetingue" porque aquilo não tem nada de Batman... está é na mesma páginas que as coisas do Batman) com estrelinhas e tudo (o lança-pizzas ninja e o estojo de costura ninja estavam esgotados, mas a quinta miniatura com mémés encontrava-se, mais uma vez, disponível (com esta só uma pessoa está apta rir-se com isto, espero que se ria pelo menos um pouco, nem que seja p'la nostalgia)). Por um lado é bom porque já não tenho que pedir para me comprarem estas coisas que "muita falta fazem" (que só tinha direito a uma no Natal ou nos anos), mas por outro lado é-me muito fácil carburar rapidamente o meu pequeno pecúlio.


Retomando o tema principal, o baeta, a barbearia é um local de fortes índices de amnésia, porque, para além da discussão dos temas da actualidade (invariavelmente o "arrastão", onde se disse muito do que já foi dito e um pouco mais se acrescentou, mas não o colocarei aqui), as conversas são sempre as mesmas mas, repetem-se com o mesmo empolgo da primeira vez, porque é a primeira vez.


Poderia dizer-se que saio sempre com o cabelo à "Melro Casapiano" (jamais ousarei re-utilizar o termo "Pato-Bravo" da mesma forma que o usava anteriormente porque temo ser decepado de forma violenta e exacerbada por uso incorrecto da expressão (pronto... aqui tentei impingir uma piada que, certamente, apenas uma pessoa, por sinal muy catita, a compreenderá e saberá que é com ela)) mas até que fico com o cabelo à "homenzinho" (o coitado do barbeiro faz o que lhe é possível com uma cabeça destas). Fico mais "ache quinha" e esta é a frase que meto aqui para ocupar espaço e separar o termo "ache quinha" da verdadeira expressão, que para quem ainda não descobriu o que eu queria dizer, "à f'esquinha". Fico geralmente com menos 735 gramas de pêlo porque o corte é sempre radical, não corto o cabelo apenas para manutenção do seu tamanho, quando o corto é para cortar e para tal há que ter matéria prima para o baeta trabalhar. De um dia para o outro muita gente já me é incapaz de reconhecer, bom... mas isso acontece mesmo quando não o corto, voltarei a este tema qualquer dia e de modo bastante ofensivo.


Claro que de lá nunca iria sair muito "mátxou" (macho dito à "rapaz moderno"), para isso era preciso ir (salvo seja) ao Eduardo Beauté para hair styling e produção (aqui com estes termos novos confesso que nem sei o que estou a dizer, li-os numa revista e achei piada) e ser vestido (com esta fiz sangue nos nós dos dedos tal foi a força com que bati com eles na madeira mais rija que encontrei, pelo sim pelo não vou bater numa coluna mestra cá de casa) pelo Luís Barbeiro. O sôr Abílio é um homem sério e trabalhar, e dono de uma barbearia decente e honesta... por quem o tomam?

sexta-feira, junho 10, 2005

Pátria a Saque

- 14 polícias racistas e de extrema-direita agridem indiscriminadamente de forma bárbara e cruel jovem africana, numa praia em Carcavelos. Crianças que brincavam no local da ocorrência safaram-se por pouco.

- Invasão de privacidade por parte de jornalistas fascistas a banhistas muito bronzeados é afastada de maneira pacífica.

- Pequena manifestação cultural organizada por 500 (apenas meio milhar) jovens africanos é corrida incompreensivelmente à lei da bala e do cacete. Opressão e censura ainda existem!

- Comerciantes, polícias e presidentes de Câmara acusam africanos sem motivo. Alerta racismo!



Pronto... é deste tipo de coisas que muita gente quer acreditar que lê nos jornais. A verdade viu-se que é outra! "Esqueceram-se os tempos da ditadura quando o governo não permitia manifestações das classes oprimidas, escravizadas e teimava em manter uma sociedade injusta" e eles manifestaram-se e mostraram o que lhes vai na alma.

Eu nem procuro argumentos, não quero! Infelizmente esses argumentos a que me refiro vêm ao meu encontro e nem preciso de divulgá-los, eles divulgam-se por si próprios em primeira notícia de todos os telejornais nacionais. Senti uma revolta e uma raiva de dimensões infinitas pela minha impotência perante tão acérrimo problema. mas eu também estou alucinado com ideias que deviam ter morrido há 60 anos atrás...

Tem "piada" é todo este aparato ter-se passado no dia de Portugal (pode-se considerar até um feriado xenófobo... cuidado!) terá sido ao acaso ou foi numa de humilhar ou um atentado à nossa soberania? Isto de calar os de cá e dar força às minorias está em nítida ascendência. O verdadeiro problema é ser-se demasiado indulgente com estas gentes.

Desta vez foram apenas só 500, quando forem mais aí sim, é preciso cuidado e começar a pensar em tomar medidas. Mas não actuar, é só pensar em começar. porque não é nada de grave, este ano ainda só morreram 4 ou 5 "bófias" que bateram nos "meninos que são uns anjinhos", e para não falar nas largas centenas que ficaram feridos, alguns com gravidade. Alguns comerciantes insistiram frequentemente que estes "arrastões" são frequentes embora com grupos de apenas 50... só.


Mas há algo que me inquieta e muito. Será que os das pulseirinhas foram poupados? Oxalá que sim. Mas estou mais convicto que de nada serviram porque já sabemos quem são os verdadeiros racistas. Até sou capaz de acreditar que essas pulseiras foram atiradas ao mar em forma de promessa... não sei.
Anti-racismo está na moda, até já o foi dito num anúncio de umas pulseirinhas da concorrência.
Recordo, ainda mais uma vez, que a principal característica que distingue um racista de todos os outros que atentem contra a integridade física e/ou psíquica de outro(s) de outra(s) etnia(s) é a sua cor de pele mais clara.

Relembrando as jovens (que me obrigaram a aumentar o brilho no tuvisor para lhes conseguir discernir as feições da cara), aquando da entrevista para a televisão, que mostraram grande preocupação com as crianças que brincavam na praia quando os 14 polícias tentaram fazer frente a 500 (é preciso "tomates"), mas esqueceram-se do que os 500 seus semelhantes fizeram antes da chegada desta pequena força policial?

Pode-se dizer que não eram só marginais de origem africana (o que inclui até os descendentes dos que nasceram cá), mas os únicos ditos caucasianos nas fotografias estavam a correr à frente dos ditos "pretos".

Bom, para terminar, a única solução harmoniosa que encontro é sairmos todos do nosso país e deixar isto entregue aos "bichos". Aí eles podiam ter o "Nzingalis" (nome do país que estava nos planos de um grupo de "doutorados" (segundos palavras dos mesmos) que pretendiam criar um Estado, cujas fronteiras, a Sul, chegariam a Sesimbra/Setúbal, a Este, a Benavente e Cartaxo e, a Norte, às Caldas da Rainha e Rio Maior. No seu interior ficariam, naturalmente, Lisboa, Cascais, Sintra, Setúbal, Almada e Torres Vedras. "Ainda por cima são finos os gajos". De recordar que o SOS Racismo prontamente acusou os de extrema-direita de terem criado a página com a mensagem, demonstrando que não acreditam que certas criaturas tenham capacidades para tão engenhosa artimanha) e nós não levávamos com aquelas palavras acusadoras que não se podem dizer para não ferir susceptibilidades e melindrar idiossincrasias.


Isto até é muito perigoso para outros africanos e seus descendentes (e outras etnias) que se encontrem no nosso país porque serão olhados como criminosos e marginais, que não são. Pois também eles são vítimas destes actos criminosos e com a agravante de serem vistos como um estereótipo de culpado. É igualmente importante não confundir marginais e criminosos com etnias e emigração embora estejam muitas vezes relacionados, também há gente boa. Também volto a salientar que não sou racista, tenho amigos de várias etnias e sublinho a palavra amigos pois não são meros conhecidos.

Eu tinha já outras ideias para outro post, um menos mau e polémico, mas fui previsível e escrevi este que piada não tem nenhuma. Poderia até desenvolver a ideia de um comentador que referiu a compra de material roubado e vendido em feiras e afins, uma forte forma de patrocinar o crime (se não houver comércio para estas coisas estou crente que os assaltos iriam diminuir um pouco), mas não o vou fazer para não tornar este post maior. Mas agradeço todos os comentários, sem nenhuma excepção.