terça-feira, outubro 19, 2004

Uma Volta no Carrocel Solar

É verdade... já lá vai um ano desde que me meti neste poço de descarga mental. É mais que certo ("mais que certo"... sendo o "certo" uma condição lógica - "0" errado, "1" - certo/verdade - como é possível ir além de uma coisa que é absoluta? Já arranjei motivo para contestação.... adiante) que jamais alguém se lembraria, ou repararia, que hoje faz um ano que meti aqui o primeiro post, mas cá estou eu com mais um.

Isto agora de ter um blog é uma coisa demasiado banal... toda a gente tem um! Na grande maioria dos casos metem um ou dois posts de nome "teste" e depois a coisa morre (amigo CÆSAR Metalleirvs, não é contigo). Outros, por seu turno, pensam que têm o melhor blog do mundo e passam os dias a contemplá-lo sempre com a esperança que têm um novo comentário (quem por esta altura já me incluiu no segundo grupo que se desengane... eu tenho consciência que isto não é lá grande obra, só escrevo palermices. Estou-me a larar para quem não gostar ou se sentir incomodado ou mesmo para quem isto não surte qualquer efeito). Existe ainda um crecente grupo que posta emails "cómicos"... daqueles que já recebemos em 2002, juntamente com 5 chain-letters, mas que é sempre agradável (+w naa +e i xaeakgi|, ups... estava agora a limpar o teclado e isto apareceu aqui. Também já me aconteceu tentar afastar um insecto do monitor com o cursor do rato. Isto de morar em frente a um jardim tens os seus pros e contras... há uns dias atrás tinha uma pequena osga na parede do quarto. Foi realmente fabuloso! Mas como não vivo sozinho tive que pedir desculpa ao recém-chegado hospede e mandá-lo suavemente pela janela) reler outra vez.

Não sei ao certo com que objectivo continuo a escrever aqui... para mostrar uma presumível criatividade minha não o é certamente visto que não preciso de provar nada a ninguém. Para cativar a simpatia de raparigas muito menos será, escrevo tanto de uma vez que cada post acaba por ganhar contornos a roçar «rés vés» Campo Santana os limiar do aborrecido ao invés do aprazível. Talvez seja para agradar a alguns amigos ou, mais simplesmente, para queimar tempo (o que é muito improvável, tenho mais coisas para o estoirar).

O que poderei eu escrever aqui para post? O regresso às aulas? Já o fiz mais ou menos no último post e apenas iria acrescentar que estou a aprimorar as técnicas de bocejar apenas com a narina contrária à posição do professor e a de me espreguiçar somente com os dedos dos pés.

Resta-me meter um pequeno excerto das minhas férias e do Estoril Historic Festival 2004 ao qual assisti ao vivo (eternamente grato Zé «Grande Mestre Feiticeiro» por tal dádiva, que o Espírito do Cavalo continue a correr livre nas planicies por ti. Não confundir com o Jezué Toinhó que, apesar de volta não volta ter as suas quebras (como qualquer um de nós as tem), não deixa de ser bom rapaz).
Por escassez de tempo irei optar apenas por falar das férias. Mas irei desenvolver o EHF em breve.


Havendo quem prefira ficar enclasurado numa cave gélida a repirar humidade e mofo, ambos cheios de fungos e de outras maleitas que se alojam nos locais mais recônditos da natureza humana (não percebi onde quero chegar...), com uma fugaz e eternitente luz artifícial, agarrado a uma caixa a quem chamam de "ordinatór", durante 15 horas seguidas, eu prefiro continuar em busca de mais um agradável passeio.
Este Verão fui três vezes a Portimão (já me estou a tornar fã). Agradeço aos amigos que me convidaram a lá ir («Sôr Lampreia», «Vencislis» e aos meus progenitores) e digo que adorei o acolhimento, sem discriminar nenhuma das estadias.

Recordo com especial carinho as idas de "cámiunete"... todos a passarem meticulosamente à frente para que os outros não lhes passarem à frente ("já os meus pais me encinaram, iducação acima de tudo... sempre mincinaram (esta gentinha dá muitos erros de ortografia e repetem-se muito) a respétar os óutres mas eista arraia jovem sãe uns malcriadões (...) e não se lhes pode facilitar, mas qué isto?"). O motorista a cortar bilhetes parecia que estava a dar milhos a pombos. Apesar de ter lá chegado mais cedo que muitos dos que entraram primeiro, fui o último a entrar. Mesmo asism era olhado como se tivesse sido o primeiro a entrar após ter passado à frente de todos.

Quando finalmente entrei (10:27) o "velho" que estava no meu lugar (teorema fundamental dos lugares de camionete: há sempre alguém no nosso lugar que teima em que aquele é o lugar dele porque entrou primeiro, não há lugares marcados ou porque eu sou um "malcriadão") já lhe estava a dar num "granda" prego no pão. Quando a camionete finalmente começou a andar a "velha" atrás de mim começou a rezar o terço com uma estridente rumorejante voz ("qué preciso éca gente chegue lá bem!"). Já no fim da Ponte 25 de Abril, estava um veículo de uma senhora com o "capôt", porta-bagagens, porta-luvas e portas todas abertas para apanhar ar e arrefecer (se está avariado tem que se abrir tudo o que der para abrir para dar a imagem "hollywoodesca" de avariado) a ser ajudada por um mecânico de bigode amarelado pelo cigarro sempre acesso no canto da boca, vestido com um fato de treino azul-escuro, com uma risca branca e um fechos daqueles que fazem uma marreca à frente, todo ele com ar de "isto é reparação para uns 600/700 óires" (é verdade... a falta de gasolina pode provocar danos irreversíveis a nível dos amortecedores e na direcção). Já para não falar no auxiliar do mecânico, barrigudo, calças de ganga lassas e em baixo, uma camisola da selecção com um colete amarelo flurescente com bandas reflectoras por cima, que passou o tempo todo a olhar, com ar de bloqueado mental, para os carros a passar.

Quando chegámos a Almada (10:58) veio mais uma remessa de gente. Uma das senhoras cumprimentou, toda radiante, os passageiros - "bom dia a toda a gente". A velhota que estava atrás de mim levantou-se a correr com uma banana na mão a pensar que era a primeira ida ao W.C.. Mal partímos, deu-se o caso do jogo.... 2 jovens, que estavam nos lugares da frente, levaram o caminho todo a levar nas orelhas por terem, passo a expressão, "cagado os assentos com iogurte". "Ainda nem há 10 minutos saímos e já estão a comer...em cada viagem que faço não posso mandar lavar o autocarro. Os senhores não gostam de encontrar o autocarro sujo quando entrão pois não?". Curioso foi a "velha da banana" a refilar lá para com ela - "jovens malcriadões... não fazem isto em casa deles" - enquando palitava os dentes com o mindinho (boca toda aberta, braço torcido e palma da mão para cima) e fazia barulhos de sucção ao contrair as bochechas, retirando enormes porções de plátano os quais eram colocados no forro do banco da frente, onde já anteriormente tinham sido colocados os "fios da casca" da banana.

Em Aljustrel (12:21), o homem do prego foi visto ostentando uma fenomenal geleira azul. Como é que esta malta consegue ir de camioneta até França se para uma viagem que nem percorrer meio Portugal, comem que nem ursos pardos em pré-hibernação?

Chegádos quase ao fim do trajecto, e em estrada mais sinuosa, a velha do banco de trás mais uma vez faz questão de me lixar o juízo. Agarrou-se ao meu banco, exalando um putrefacto bafo seco, de quem passou anos a inalar uma mistura de naftalina/cânfora com um forte hálito de quem comeu uma banana madurinha.
Por esta altura acabou-se me o guardanado de pastelaria onde estava a fazer o diário da viagem...

Relembro-me de outra peripécia em camionetas noutra ida para Portimão, desta vez na segunda ida.
Mal começou a viagem deu-me uma vontade de mijar daquelas que aparecem quando estamos a chegar a casa (efeito psicológico instantâneo que ocorre assim que estamos perto, mas não o suficiente, do mijatório) - "como é isto possível se ainda agora mijei?".
Ainda pensei pedir ao motorista mas como tinha cabeça (não apenas a cara portanto) de casmurro desisti da ideia. Foi então, num magnífico acesso da mais pura das inteligências e fruto de um raciocínio sagaz, que conjecturei - "ora ter vontade de mijar (repare-se na contínua utilização da palavra "mijar" para entoar o aflitivo aperto que sentia na bexiga) é contrário a ter sede... tal como seca é oposto de dilúvio.
Comi um pacote de bolachas Maria com mais de 8 meses de armário (secas que nem terra que foi à estufa) é o equivalente a induzir sede ao organismo.
Resultado... fui o resto da viagem com uma contínua necessidade fisiológica de carácter líquido a incomodar-me, boca de tal modo seca que até as gengivas gretavam e o céu da boca estalava de agonia e, para ajudar, parecia que o meu estômago estava a andar no Twister da feira-popular com um esófago a pedir vómito . Com isto tudo, levei cerca de 4 semanas a chegar a Portimão.

Em Portimão, mais propriamente na Praia da Rocha, reparei nalguns promenores curiosos: A Rainha do Artesanato vendia raquetes da "Costa Del Sol" e estava cheia de bolas e baldes, em plástico ordinário, com figuras alusivas aos Pokemon para a criançada levar para a praia; Índios da América Central criteriosamente ornamentados como os índios da América do Norte a tocar músicas do Richard Clayderman e dos Modern Talking em versão Chill-Out que mais parecia um midi desses que se encontram espalhados por essa internet fora; Por fim... lembro-me de um restaurante algarvio típico eu que o prato do dia ao longo de vários dias da semana e ao longo de várias semanas, foi sempre lombo de porcom assado com esparguete e ketchup (há quem prefira a salada, em vez do ketchup, como acompanhamento). De salientar a tradução para um inglês fluente - "assed pig meat with bolonoise sparghetti". Pronto... a tradução já foi invenção minha.

E assim termino o post que comemora o primeiro aniversário... reformulei o aspecto do blog, que agora tem uma foto tirada por mim. Pode não estar tão bem "arrumado" como o outro, mas foi feito em grande parte por mim, não há desculpa para aparecer outro igual.
Todo o assunto que aqui foi tratado, tal como nos anteriores posts, é sério e com profundos interesses políticos e económicos para a nação... ou então não!
Agradeço profundamente aos que tiveram paciência para ler isto tudo até ao fim, se tivesse tempo teria escrito ainda mais, e sobretudo a quem lê o blog regularmente e o comenta ainda que pessoalmente.

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