segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Extremus Faex

Tal como tinha lido no horóscopo da Maya que vinha na revista Vidas, que veio com o Correio da Manhã de Sábado e cuja capa era o Cristiano Ronaldo em tronco nú (assim de rajada uma quantidade de coisas de relevante valor cultural), esta semana não ia ser boa... não o digo pelos textos, que com a sua vastidão me deixaram sem saber que catástrofes aguardar ("gaste todas as suas energias para superar restrições e evite excessos para não se cansar"), mas sim analisando os smilies atribuidos a cada um dos dias (apenas a Sexta-feira me é favorável). Ainda por cima para além de recomeçar as aulas e, como se não fosse suficientemente mau, ainda as começo com início de constipação. Para dar as boas vindas ao novo semestre fui almoçar à cantina com mais uns colegas. Como é sabido, no início das aulas andamos todos meio aparvalhados, mas uns superam os outros (neste caso em concreto, em vez de aparvalhado (que também o é), é mais apassarinhado)... foi descoberto um local que fica entre a estação de metro do Campo Grande e o fim do Jardim do Campo Grande, que se chama Churrasqueira do Campo Grande e que no entanto não fica no Campo Grande porque, seguindo a justificação do mesmo, "[palavrão acabado em "sss" e a começar em "f", com "oda-" no meio] o Campo Grande é grande!". Não tenho mais nada a dizer sobre isto.

Já várias foram as vezes que leitores interessados me perguntaram para quando um novo texto. Apesar de ter estado de férias, ainda estou meio aturdido pelo último semestre e como não tenho andado muito acompanhado, tudo o que me passa pela cabeça está estritamente relacionado com o tema principal deste post. O mal todo é que nem tenho capacidade crítica para ajuizar o que lá vem.

Após esta pesada introdução tornou-se óbvio que me preparo para fazer uma profunda análise a uma vasta gama de produtos "alimentares" que permitem, desculpem a expressão frequentemente utilizada pelo povo, "cagar macio" e a "tempo e horas".
Falo dessa vasta qualidade diferente de alimentos (apesar de serem todos a mesma "porcaria") que vão desde cereais e barras de cereais (tão insipidos e secos que de certo estão relacionadas com a seca que se tem sentido ultimamente e envolvidos directamente em muitas amarguras do povo português), iogurtes nas suas variadas formas (os líquidos vêm em recepientes tão pequenos que são necessários 4 para enganar a sede, deve essencialmente dever-se ao facto de serem uma matéria mais rara e cara que o petróleo, sim... com o preço de uma "garrafa para pigmeus" da dita substância posso comprar quase um litro de gasolina) até chocolates (geralmente o anúncio mostra um grupo de amigas, que transparecem ser mulheres modernas e evoluídas, e, no meio de uma alegre confraternização, há uma que se recusa a comer um bombon agarrando nas inxundías como quem diz "que está gorda", depois de uma breve explicação com meia dúzia de termos semi-técnicos (que nem o director da fábrica dos chocolates sabe o que são) por parte das amigas, já se lambuza nos chocolates, apenas faltando ficar com o aspecto de um puto a que foi oferecida uma tabelete numa tarde solarenga de Verão) todos eles têm uma coisa em comum, para além do hipotético efeito, apenas resulta se administrados com regularidade em enormes quantidades, ou seja, basicamente todos os dias até que aconteça um dos seguintes: saia nova versão no mercado que substitua a anterior, estudo independente (por empresa que se desmente rapidamente e reconhece que afinal aquilo até faz bem ou então fecha misteriosamente) que prova cientificamente que tudo não passa de uma farsa capitalista ou que os produtos têm consequências nefastas para a saúde humana ou, por fim, o consumidor encontre a morte na sua breve passagem pela vida.
Entre estes encontra-se o já mítico, por várias razões, All-Bran com o seu momento All-Bran que devia vir no dicionário como "momento da defecação". Se após esta comparação retirarmos a ambas as frases a palavra "momento" (tal como se faz numa equivalência matemática) ficamos com "All-Bran = ...". Está bem que vi num documentário que, durante as migrações originadas por grandes secas, os elefantes comiam escrementos dos vários elementos da manada para contornar a quase ausência de alimento e manter os intestinos a funcionar, mas fracamente, seria necessário copiar a Natureza em casos tão extremos?

Estes produtos não só "regularizam" a denominada "flora intestinal" como também têm os seus extras, para além das suas multi-vitaminadas composições, garantem ainda uma % ridícula de gordura como também oferecem uma quantidade massiva de fibras e (o tal composto que ninguém sabe o que é) "L.casei Imunitass"

Agora pergunto, com tão pouca gordura como é que o organismo lubrifica as variadas veias e artérias que constituem o sistema circulatório? Os glóbulos vermelhos carregados de abrasivo oxigénio irão desgastar, por acção do atrito, rapidamente as paredes de tão importantes canais... e com este frio é importante untar o sistema circulatório como forma de anti-congelante. Isto cá dentro é uma máquina muito complexa e convém ter este tipo de cuidados, tal como se tem num carro.

Muito mais ficou por dizer... mas quero ir para a cama e como muito texto é sinal que menos gente irá ler isto, vou ficar por aqui.

Estive para comentar o regresso dos detergentes com "sabão natural" no seu nome mas não é um campo que domine. Embora admita que acho extraordinariamente curiosa a evolução cíclica dos detergentes: do sabão natural passou-se para os outros porque o sabão não presta porque não tem "glutões que comem os detritos deixados pela comida", agora volta-se ao aparecem os detergentes baseados no "sabão natural" porque lavam tão bem como antigamente. Mas eles já se enganam a si próprios?
Também me senti tentado a falar nos champô multivitaminas, com tantos ingredientes, cujos termos técnicos não me recordo, e frescura que dá vontade de beber/comer aquilo (o mesmo me acontece ao ver certos anúncios de comida para cão ou gato. Confesso que me lambo todo e me cria um certo apetite. Acabo por vir da cozinha desconsulado por não encontrar nada que substitua ou satisfaça aquele desejo... nem mesmo paté de sardinha).
Há uns bons anos atrás, eu e o meu grande amigo "sôr Lampreia", idealizámos um champó Kinder -"agora com mais leite e menos cacau", tudo envolto num anúncio cheio de crianças loiras e felizes a brincar alegremente nos vastos pastos Austríacos. Nunca fomos com a ideia por diante.

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