terça-feira, dezembro 23, 2003

O Meu Primo e os Gatos

Com o aumento do frio há também cá em casa um aumento do cheiro a gás, ou seja, mais uma prova que os aquecedores (os eléctricos principalmente) são perigosos.

Ultimamente, não sei porquê, cada vez que se liga aquilo fica um cheiro a gás muito intenso no corredor... talvez seja por habilidade do meu pai. Esta situação não podia continuar e, para tal, tive que averiguar de onde vinha o cheiro. Como às vezes tenho umas ideias acima da média, que maneira melhor para ver de onde vinha a fuga (ver mesmo, não é descobrir de onde vem a fuga, é preciso ver, "sentir" (sentia.... depende do grau das queimaduras!) a experiência, empirismo puro) do que com o auxílio de um isqueiro? Era só seguir a ténue chama... podia ter corrido tudo bem e eu ter-me tornado herói nacional (se a notícia da tragédia tivesse passado na TVI de certo que diziam que tinha tomado aquela atitude para salvar os meus pais de uma morte certa por asfixia) não fosse ter sido repreendido e terem-me tirado a ferramenta de trabalho das mãos... foi pena!

O que vale é que o cheiro até proporcionava um ambiente relaxante. Prova disso é que a cadela pertencente à vizinha da frente (o "pretencente" estragou os planos a quem se preparava para dizer "Eh... chamou cadela à vizinha..." pensando que eu ia dizer "A cadela da vizinha") estava deitada de lado no hall de entrada a repousar... "sessugadita" com a língua de fora poisada na pedra mármore e os olhos semi-serrados. O que é um feito único visto que a fera fugida do inferno só está bem as rosnar e a ladrar, nem que seja sózinha... reage como um torpedo (ser um salsicha ajuda com esta analogia ao torpedo, porque de resto nem é muito rápida em velocidade de ponta... é mais de fazer espectáculo aos saltinhos e círculos à volta do mesmo local) às palavras código "passarinho" e "gatinho" precedidas de "Olha o" e concluidas com "Tofa!" (aí sim, a Tofa desloca-se em linha recta em direcção ao objectivo. Já conseguiu abifar 2 pássaros da gaiola, que está na parede, e que pronta e orgulhosamente os foi buscar à cozinha para mostrar à dona, que por sinal ficou muito "contente".)


Por falar em gatinhos... tenho um primo que gosta muito muito de gatinhos. :o)

Os gatinhos é que nem para eles próprios são bons e fazem aquele ar provocador a pedir que lhes façam mal... o meu primo como é boa pessoa e não consegue dizer que não... ele não tem culpa. :o)

O meu primo atrás do gato muito devagarinho:
-"Anda cá... tenho aqui uma coisa para ti.", "Vá... não sejas teimoso... mais cedo ou mais tarde tens que ir lá!"E o gato nada convencido antevendo a incerta e frágil sorte que lhe está reservada:
-"Miaauu...?" com um ar aterrorizado e completamente inerte de pânico. Mas a vontade de fugir não foi maior que a parte fraca que cedeu a tanta "bondade". Foi agarrado brucamente pelo pescoço e, antes que se arrependesse e conseguisse abrir as mandibulas, foi arremessado para o meio do tanque para tomar um banhinho...
-"Quem é amigo...?Hein?"
-"Olhe que o gato afoga-se!"
Disse eu num momento de compaixão pelo gato, vendo-o a dar às patas e a ir ao fundo... até teve a sua piada sabendo agora que o bichano já estava "habituado".
-"Não se afoga nada, não tenho cá gatos maricas... ele até está a gostar! Um bocadinho de exercício só lhe faz é bem. Olha o gajo todo contente ... (olhando para o felino em aflição) parace um lorde..."
-"Deixa-o nadar à vontade... é um atleta, precisa de muito espaço para "trénar"
(treinar)."
-"Queres brincar um bocadinho com a bola?" Ao mesmo tempo que atira uma bola de basquete antiga lá para dentro. O gato em dezespero lá se tentou agarrar à bola, mas quanto mais tentava trepá-la mais tempo passava dentro de água. Vi cada vez mais o fim do gato, ele cada vez com menos força nos movimentos e completamente dentro de água com a boca e olhos abertos e ainda a tentar espernear mas já mentalizado que tinha chegado o seu dia do juízo final.
-"Pronto! Por hoje já chega... já nadaste muito!" Enquanto pegava numa vassora para o gato se agarrar e o puxar para cima.
-"É que depois eu já sei como é... habitua-se e não quer outra coisa. Anda depois aí o dia todo a pedinxar." olhando para mim enquanto metia o gato em cima do muro para apanhar um banhinho de sol como qualquer banhista. Depois virou-se outra vez para o protagonista:
-"Quem é amigo, hein? Quem é que salvou o menino que se meteu em apuros, quem foi?"
-"É assim é que eles reconhecem o dono... quem lhes faz bem!"


O gato com ar desolado e escanzelado, ainda em choque e não se acreditando que está vivo. Com um olhar distante e vazio e sem fixar nada em particular. Cabeça baixa e sem mexer o corpo. Com a parte de dentro das sobrancelhas levantadas, tentava lamber levemente o lábio inferior num ensaio para voltar a respirar ar, visto ter os pulmões cheio de água. Acabou de perder a confiança em si mesmo, e, por conseguinte, irá se retirar para passar mais tempo escondido debaixo de um carro.


Outro acto de caridade do meu primo para um gato:
-"O gato andava aí com ar abatido... andava em baixo. Virei-me para ele e disse: Anda cá que o André já te mete à maneira para as raparigas."
-"Espetei-lhe
(literalmente...) dois brincos na orelha direita e lá foi ele todo bonito!"

Este meu primo é um erudito do pragmatismo, houve uma vez que fez uma omelete de frango de uma forma muito pouco usual... fê-la com ovos com pintos lá dentro.

Já chega de falar da minha família... e desta vez é que é...

Feliz Natal para todos :o)

PS: Ocorreu-me uma dúvida... "de pequenino é que se torce o pepino" tem conotações masturbatórias?

Já agora aviso que o contador de visitas, que está no fim da página, não conta com as minhas próprias "visitas"... e só tenho 2 comentários. É que nem uma mensagem de apoio depois do que me aconteceu no relatado no último post... :o( Ninguém me liga... vou voltar a enviar emails em vez de postar aqui, assim sentem-se obrigados a responder :oP

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