domingo, dezembro 28, 2003

Aldeia dos Macacos

Fui recentemente ao Jardim Zoológico para ver os animaizinhos... é pena não terem lá gatos. Lembrei-me de mais um familiar que em tempos se dedicou aos gatos... o meu avô! Como me pude esquecer deste parente que me é tão chegado? E o que o meu avô era (para além de ser o proprietário de uma "gaiola" com criação de coelhos e galinhas a quem os "FDP" dos gatos (nome técnico atribuído pelo meu avô) faziam caçada) aos bichanos? (Regresso estonteante à frase) Era nada mais nada menos que preparador físico.

Preparava os gatos para provas de atlétismo nas especialidades de corridas, que para sprints quer para para provas de fundo. Para os sprinters bastava meter álcool na vávula de escape e lá iam eles... até cheirava a borracha queimada (ou seria a gato queimado? Não percebi... estou a brincar, o meu avô não lhes pegava fogo.), só paravam quando o efeito "adrenalínico" acabava ou ficavam colados num radiador de um automóvel (levando assim a mais uma cena de violência doméstica visto que o carro estava a ser conduzido por uma senhora que o tirou da garagem, sem conhecimento nem consentimento do marido, para ir às compras às escondidas e mostrar às amigas que conduz e que lá em casa ela é que manda... mas porque raio é que o gato se ia lá estampar sózinho? Isto foi no "tempo da outra senhora" em que as mulheres levavam tareias livremente (era um sinal de status social) e não podiam ter a carta como as pessoas... ESTOU A BRINCAR!!! Num acesso de estupidez pareceu-me ter piada.) Para a prova de resistência era preciso um plano mais elaborado. Tinham que se ter mais meios... mas para mero exemplo vou reduzir drásticamente a lista para uma corda (os profissionais usavam fio em fibra de carbono (que por sinal só recentemente foi inventada), os amadores usavam corda de sapateiro) com um metro e vinte sete centímetros e uma lata (os perfeccionistas usavam latas de óleo Selenia 15W40 multigraduado semi-sintéctico). Atava-se a guita à cauda do gato e, na outra extremidade da corda, a lata. Punha-se o gato em posição de largada e dava-se a partida, após contagem decrescente, dando uma palmada no lombo do gato. Lá ia ele a cavalgar livremente pelos quintais dos vizinhos, sempre a fugir de um inimigo que o perseguia de perto. Só cessava o treino quando caía para o lado de exaustão ou a lata acabava por se soltar (não, não era o meu avô que dava nós à menina/(mija sentado). O gato é que ia perdendo peso ao longo da prova e naturalmente ia ficando mais magro e o nó ia ficando mais largo). Não fosse o facto dos bichanos nunca mais serem vistos (a não ser que o carro fosse de alguém da zona, neste caso para além do gato aparecer também a senhora caía das escadas ou descuidava-se e batia com a cabeça na porta) e podiam ter saído dali verdadeiros recordistas mundiais ou mesmo campeões olímpicos.

Retomando ao Zoo... fui no metro (reparei que só existem bancos dos parolos (em que os os passageiros da frente têm sempre os dentes muitos saídos e os olhos muito abertos e nos estão sempre a controlar os movimentos)) e quem é que apareceu na carruagem? Exactamente... o revisor (se tivessem aparecido dois kosovares a tocar acordeão e pandeireta decerto que uma maldição tinha sido mandada sobre mim... o que é impossível porque fui à bruxa e ela deu-me lá as mezinhas dela (não vou dizer quais os ingredientes porque toda a gente sabe quais são... basta verem um instrutivo filme de Domingo à tarde na TVI em que apareça uma bruxa para ficarem elucidados)). e, sobretudo, porque tenho um amuleto contra o mau olhado que comprei através de m anúncio no jornal Ocasião. É um colar em que o pendente é a cabeça de um coelho presa pelas orelhas (uma para cada lado) com os olhos cosidos, nariz com uma argola e com os lábios cortados.). O revisor lembra sempre a várias pessoas que têm que sair naquela estação e que, uma vez no cais, estão atrasadas para irem a um "sítio" e têm que se apressar a andar, sempre a olhar para trás porque com isto dos assaltos não se brincar... a porra toda é se há revisores cá em cima na saída.

Mais uma vez tentando voltar ao Zoo... chegado lá, para além do bilhete, comprei comida para dar aos animais. Um pacote de amendoins e outro com alpista para cágados (da mais miudinha para não se prender nos dentes e eles não se engasgarem). Dei a minha voltinha reservando um tempo extra para ver melhor a Aldeia dos Macacos. Fiquei bastante contente ao reparar que os símios tinham sido prendados com um parque de diversões... puseram andaimes à volta de algumas casas.
Com a breca! (magnífica expressão de admiração esta) então não é que estavam lá dois maiorsitos a acartar baldes de cimento? Apressei-me a atirar amendoins a estes dois para os recompensar pelo truque novo e os gajos, de uma forma quase (um quase relativo, apenas para impressionar o caro leitor) humana, não me pedem (por gestos muito rudimentares é verdade) "minis" para acompanhar? O que os treinadores/tratadores não fazem por estas criaturas... um espantos. Já tinha visto ursos a dançar e caturras a andar de tricíclo, mas pensei que se ficassem por aí... até nem sei se não é proibido explorar os animais desta forma. Cá para mim acho que os animais deviam ser todos restituídos ao seu habitat natural... camelos para o deserto, cabras para as montanhas e os macacos para Cabo Verde.


PS: O servidor dos comentários tem estado em baixo, o que torna o blog muito lento a carrregar... no entanto recebi um "comentário" por mail muito bonito :o). Atitude louvável e de grande valor.

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